Instituições só conseguem dar resposta a bolseiros e estudantes de intercâmbios. A crise fez aumentar a procura destes quartos, que têm preços muito mais baixos do que as alternativas privadas.
As residências das principais universidades do País só têm vagas, em média, para menos de 5% dos alunos. E muitas viram os pedidos de quarto pelos estudantes disparar este ano devido ao agravar da situação económica, por oferecem melhores preços.
É o caso da Universidade Nova de Lisboa. "No total, tivemos mais de 700 pedidos até agora, um aumento de cerca de 15%" em relação ao ano passado, explica Iva Matos, dos Serviços de Acção Social. A universidade tem 452 lugares para estudantes, destinados a bolseiros. "Não conseguimos satisfazer todos os pedidos de bolseiros e não sobram vagas. É pena que não haja mais lugares, mas são estruturas pesadas e não se consegue financiamento para conseguir crescer. Estão sempre tão cheias que não cabe nem mais uma agulha", diz.
Apesar da oferta de camas variar muito de universidade para universidade - as do interior do País, como a de Évora ou do Minho, que com maior número de alunos deslocados oferecem mais camas em relação às de cidades como Lisboa, que têm uma menor oferta, mas também menos estudantes vindos de fora -, todas admitem que só conseguem dar resposta a alunos deslocados que são bolseiros.
Em Lisboa, cerca de 15% dos candidatos às residências da Clássica, que tem 708 vagas, ficam d e fora, segundo a directora de Serviços de Acção Social, Valentina Matoso. Na Universidade Técnica, "habitualmente, a procura de camas supera de 50 a 60% o número de vagas existentes", explica Carlos Sá Mesquita. E se a instituição consegue dar resposta aos bolseiros, "que são menos do que noutras universidades", admite o responsável, é impossível ir para além disso.
No Porto, também se nota o aumento da procura nos últimos dois anos, diz Isabel Basto. "Está muito relacionado com o preço e com as dificuldades em pagar alojamento particular", conclui. "Temos conseguido dar resposta a todos os que reúnem condições preferenciais, ou seja, os bolseiros, mas não temos conseguido alojar outros." A Universidade do Porto dispõe de 1216 camas na residências, o que chega para 4% dos alunos da instituição.
Em Coimbra, onde estudam cerca de 20 mil alunos, há 1354 lugares nas residências. E para resolver os problemas dos que não conseguem vaga, a universidade certifica alojamentos de "particula- res, elaborando anualmente um guia que é distribuído pelos estudantes".
Nas academias de Minho e Évora, mais recentes, o número de lugares sobe em relação ao total de alunos, mas também há mais estudantes deslocados. No Minho, por exemplo, há 1401 lugares e 2030 bolseiros ficaram de fora.
A falta de vagas leva as associações de estudantes a reclamarem a construção de mais alojamento universitário e a regulação do mercado. Isto porque os estudantes que não têm direito a bolsa vêem-se obrigados a procurar alternativas no mercado - alugar um quarto, arrendar uma casa ou ficar numa residência privada (ver caixa).
Além disso, há jovens que não conseguem bolsa "por uma questão de cêntimos" e "conseguir orçamento para procurar um quarto é complicado", diz Luís Castro, presidente da Associação Académica de Lisboa. "A oferta é muito grande, mas em média o preço fica nos 300 euros por quarto. Mas há colegas a pagar 400. Na capital o problema agrava-se porque os preços são mais altos."
Ricardo Morgado, presidente da Federação Académica do Porto, propõe que seja o Governo a "legislar o arrendamento académico", para "combater a forte especulação imobiliária" que se faz sentir nesta altura" e outros problemas como a "questão da falta de habitabilidade, falta de contrato e falta de recibo".
E se o preço mais baixo é o principal atractivo das residências, admite Iva Matos, da Nova, há ainda outro: "É um regime mais protegido, com regras, e os pais ficam mais satisfeitos e descansados."
Residência universitária
63,9€
por mês
Residência universitária
185€
por mês
Quarto privado
175€
por mês
? Quem chega de longe para estudar tem pela frente o desafio de procurar alojamento. Há 13 residências universitárias com preços acessíveis (63,90 euros para bolseiros e 100 euros para não bolseiros), mas são insuficientes. Quartos e apartamentos são alternativa mais cara e arriscada
João
Luís
Hélia
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