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29/09/2010

Tensão sobe em Espanha - Manifestações e greve geral contra novas leis do trabalho

O que parecia impossível acontece hoje em Espanha. Após uma lua-de-mel de seis anos, o presidente do Governo espanhol, José Luís Rodriguez Zapatero, sofre a contestação de uma greve geral de 24 horas e manifestações.

"Na situação actual, o chefe de Governo não tem credibilidade", diz Cândido Mendez, secretário-geral da UGT. O sindicalista respondia à proposta do chefe do executivo para negociar a regulamentação da reforma das leis do trabalho, já aprovada no Parlamento.

Não se trata, apenas, de um enfado por uma legislação que torna o despedimento mais barato: a indemnização passa de 45 dias por ano de trabalho a 33 e, mesmo, a 20 dias, se a empresa estiver em perdas económicas.

Com a vitória de Zapatero e a gestão de Cândido Mendez, PSOE e UGT, partido e central sindical, ambos frutos da mesma árvore, voltaram a estar em sintonia. Longe dos tempos de conflito com Felipe González, numa lua-de-mel propiciada por anos de bonança económica e políticas de bem-estar social.

Um bom ambiente que também arrastou as Comissões Operárias (CCOO) e acabou em cumplicidade quando o desemprego disparou - actualmente é de 20,09 por cento - e as centrais nada fizeram.

Para os espanhóis, segundo uma sondagem do oficial Centro de Informações Sociológicas, os sindicatos não contam: 64,4 por cento têm pouca ou nenhuma confiança nas centrais que somam 2,5 milhões de filiados.

Daí que, em inquérito de 5 de Setembro publicado pelo El País, apenas nove por cento tenha decidido apoiar a greve. Por isso, hoje, UGT e CCOO tentam resgatar a credibilidade que a cidadania não lhes reconhece.

Os sindicatos não são os únicos em apuros. Rodriguez Zapatero não quer que a greve seja um estrondoso triunfo, o que debilitaria ainda mais a sua delicada posição.

Mas quer evitar a ruptura definitiva com os seus únicos apoios. Tenta cativar as centrais com a surpreendente proposta de negociarem a regulamentação de uma lei que contestam. Acena com um acordo sobre o aumento da idade da reforma de 65 para 67 anos, já apresentado em Bruxelas.

A crónica recente não o favorece: em Maio, por pressão da União Europeia, diminuiu em cinco por cento os salários dos funcionários públicos e congelou as pensões, à excepção das mínimas e das não contributivas.

Para o PSOE, a situação não é mais grave porque o Partido Popular (PP) - que, de acordo com recentes sondagens, está à beira da maioria absoluta - se enreda nos seus argumentos.

O Partido Popular votou no Parlamento contra a reforma das leis do trabalho de Zapaero mas alegou a situação económica do país para não apoiar a greve geral. ?Nuno Ribeiro, Madrid 

http://jornal.publico.pt/noticia/29-09-2010/manifestacoes-e-greve-geral-contra-novas-leis-do-trabalho-20298268.htm

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