A Renoldy de Alpiarça ameaça fechar as portas aos produtores de leite dentro de uma semana. A empresa sustenta não ter a quem vender milhões de litros armazenados e depender agora da vontade das empresas distribuidoras de retomarem as encomendas.
Os produtores estão muito pessimistas com a possibilidade de no dia 15 de Julho a fábrica de embalagem deixar de lhes comprar o leite.
Sem solução à vista, os produtores apontam o dedo às grandes empresas de distribuição, habituais clientes da Renoldy que deixaram de comprar leite nacional. Em causa, lembram os produtores, estão 500 postos de trabalho e um conjunto de explorações agrícolas com 7 mil vacas leiteiras.
O armazém está neste momento cheio. São mais de dois milhões de litros, paletes que ninguém mandou embalar mas que foram a única forma de conservar um produto delicado que ficou fora das encomendas.
A fábrica tem estado quase parada, havendo já um stock de cerca de 2,5 milhões de litros embalados sem destino e sem encomendas, situação registada já depois da encomenda da Sonae de 1,3 milhões de litros de leite.
Ontem, o ministro da Agricultura esteve na fábrica de Alpiarça para lembrar que este é um problema entre empresas do sector privado. Jaime Silva, convicto de que ainda há espaço de manobra, pediu à administração para que volte "a negociar e procurar os melhores parceiros" para colocar a fábrica a funcionar.
O ministro da Agricultura voltou a afirmar ter garantias de que as grandes cadeias de supermercados continuam interessadas em comprar leite à fábrica de Alpiarça.
"A informação que eu tenho é que há do lado das grandes superfícies a vontade de estabelecer um compromisso no interesse de ambas as partes e, claro, da produção nacional", afirmou.
No entanto, tempo parece ser agora o bem mais escasso da Renoldy, com os representantes da fábrica a sustentarem que se acabou a margem de manobra e terão de começar a recusar o leite dos produtores.
"Não temos tempo para negociar porque já não temos capacidade para receber mais leite. Até vamos ter que transformar parte do leite em pó para podermos cumprir os compromissos até segunda-feira", afirmou à Lusa Pedro Reis, advogado e porta-voz da empresa.
Há cerca de duas semanas, a fábrica chegou a anunciar o fim da actividade, recuando na decisão depois de fechar as portas depois de uma intervenção do ministro Jaime Silva.
A Renoldy apontava então a incapacidade para competir com os preços do leite importado nas negociações com as grandes superfícies como factor determinante para o encerramento e apenas o anúncio de Jaime Silva de que o leite importado seria sujeito a análises de qualidade levou a administração a repensar o seu futuro, que volta agora ao trilho da incerteza.
RTP - 09.07.09
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