Os dois principais sindicatos gregos apelaram para uma greve geral de 48 horas na próxima semana, num país que permanece paralisado por diversas greves setoriais contra as medidas de austeridade exigidas pelos credores do país.
"Ao exprimir o protesto dos trabalhadores contra o projeto-lei (que prevê novas medidas de austeridade), a Confederação Geral dos Trabalhadores (GSEE, assalariados do setor privado) decidiu prolongar a greve geral anunciada inicialmente para 19 de outubro até 20 de outubro", indica um comunicado do sindicato hoje divulgado.
A GSEE exige o "fim das políticas desastrosas e estéreis" impostas aos trabalhadores. A central sindical Adedy (sindicatos da função pública) também anunciou a sua adesão à greve de 48 horas.
Em paralelo, foram convocadas duas manifestações, uma frente à sede da GSEE em Atenas para 19 de outubro e um segundo protesto para 20 de outubro junto ao Parlamento, no dia quem que deverá ser votado um projeto-lei com medidas de austeridade adicionais.
O novo pacote prevê a instauração do desemprego parcial nas empresas públicas, uma grelha salarial única para os funcionários públicos abrangidos por cortes salariais, uma redução de diversas pensões de reforma (acima dos 1.200 euros por mês) e o aumento dos impostos sobre os rendimentos para determinadas categorias.
Após a aplicação destas medidas, os salários do pessoal das empresas públicas em vias de privatização (eletricidade, petróleo, caminhos-de-ferro) serão reduzidos em 65 por cento face ao seu nível médio de 2009, precisou hoje o ministro das Finanças Evangelos Venizelos perante a comissão parlamentar do orçamento.
Estas medidas, que pretendem reduzir o défice do país e fomentar o crescimento económico, foram exigidas pelos credores do país (liderados pela troika do FMI, Banco Central Europeu e Comissão Europeia), que também sugeriram o congelamento dos contratos coletivos, pelo menos durante dois anos, e que devem abranger o período de aplicação do plano de saneamento da economia grega. O objetivo consiste em tornar o mercado de emprego mais flexível e os salários mais baixos.
A troika decidiu conceder em 2010 à Grécia um empréstimo de 110 mil milhões de euros para o país evitar o incumprimento, em troca dos esforços para a redução da dívida e do défice público.
Hoje, os transportes públicos voltaram a não circular em Atenas (greve de 48 horas) enquanto mais de 1.000 empregados municipais e pessoal hospitalar se manifestavam na capital, onde o lixo permanece acumulado nas ruas devido a uma greve dos trabalhadores do setor que se prolonga há dez dias.
O ministro do interior Harris Kastanides, que devia promover hoje uma conferência de imprensa sobe esta questão foi forçado a adiá-la devido à ocupação do seu ministério pelos grevistas, referiu a agência noticiosa AFP.
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