À procura de textos e pretextos, e dos seus contextos.

31/05/2011

Colonos

João Paulo Guerra   

Com a arrogância própria de um colonizador, o FMI voltou a Portugal na derradeira semana antes das eleições legislativas antecipadas para tratar de pormenores da execução do programa da Troika para acabar de vez com a economia portuguesa.
A data da visita é intencional: trata-se de afirmar quem é que manda, decide e fiscaliza o futuro do País e da população e que as eleições são um mero pró-forma, no qual os portugueses não decidem nada de substancial mas apenas quem é o chefe da banda que vai tocar a partitura para austeridade, subordinação e orquestra composta pelo FMI e a Comissão Europeia. Porque a partitura está composta, antes do voto dos portugueses, e até mesmo a composição do governo já vai bastante adiantada.
A visita do FMI, esta semana, é como que um lembrete para os portugueses: o dinheiro está a chegar às migalhas, o usurário está aqui e não haja veleidades quanto à hipótese das eleições alterarem seja o que for de substancial. As eleições são acessórias, de circunstância, o essencial está decidido e o FMI está presente para que o plano de usura - a que os ingénuos chamam «ajuda» - seja cumprido conforme os desígnios do FMI (entretanto liberto do papel moderador de Dominique Strauss Khan) e de Bruxelas.
Os mínimos do bom-senso e do respeito pela soberania do povo levariam a que os prestamistas não estivessem fisicamente presentes no País nos dias em que milhares de portugueses indecisos vão tomar finalmente uma decisão quanto ao destino do seu voto. Mas o FMI paira muito acima de minudências como seja a democracia e o sufrágio popular. A menos que o feitiço se volte contra o feiticeiro e a presença impositiva do colonialista leve os aborígenes a pensar na modalidade de votar contra a colonização.

http://economico.sapo.pt/noticias/colonos_119437.html

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