À procura de textos e pretextos, e dos seus contextos.

04/11/2010

Carenciados

Triplicou este ano o número de carenciados a recorrer às Misericórdias solicitando comida, segundo dados vindos a público esta semana. Manuel Lemos, presidente da União das Misericórdias Portuguesas, esclarece ao Jornal de Notícias que «as pessoas que nos pedem ajuda são cada vez mais de família, são cada vez mais jovens, são cada vez mais pessoas empregadas», acrescentando: «O emprego já não é garantia suficiente para retirar uma pessoa duma situação de pobreza».
Entretanto, o primeiro-ministro José Sócrates declarava também esta semana, em plena Assembleia da República, que os brutais cortes impostos pelo seu Governo a salários e a apoios sociais vão pôr o nosso país «ao abrigo» de problemas maiores «causados pela crise»...

Paleios

Também esta semana entraram «em acção» os cortes do Governo aos apoios às famílias, que se auferirem mais de 600 euros/mês já são consideradas «abastadas» demais para receberem os subsídios que estavam em vigor, independentemente do número de filhos menores que tenham a cargo.
Todavia, se consultarmos o portal do Governo na Internet, lá continua a propaganda de Sócrates no «apoio às famílias», com dados, estatísticas, subsídios e elogios que só já existem nestas manobras virtuais.
Será que o Governo de Sócrates ainda acha que pode continuar a enganar toda a gente utilizando estes paleios?

Natalidades

Pormenorizando os cortes governamentais nos apoios às famílias, acrescente-se que os agregados mais pobres passam a receber menos 25% de abono, enquanto os que ganham um pouco mais que o ordenado mínimo perdem o direito a qualquer apoio. Perante isto, os especialistas são unânimes a afirmar que tais cortes reduzem a quase nada as já tão precárias políticas de apoio à natalidade.
É claro que, para Sócrates, isto é mais uma medida «corajosa» para combater o défice e a sublinhada expressão da sua «política de esquerda».
Com uma «esquerda» assim a direita nem precisa de fazer nada, na governança do País...

Regressos

A PSA Peugeot Citroen de Mangualde decidiu «reabrir» o turno da noite – o mesmo que havia fechado recentemente, despedindo de caminho 500 operários – e contratou de novo 300 trabalhadores, muitos deles ex-operários que haviam sido despedidos no tal encerramento do turno da noite. Agora regressam, mas com um pormenor: ganham menos e só têm garantia de emprego até Abril do próximo ano, pois estas novas encomendas que levaram a empresa a reabrir o turno serão previsivelmente despachadas nos próximos seis meses.
É o capitalismo selvagem no seu esplendor: o patronato despede ou contrata conforme as conveniências de momento e, de caminho, vai sempre reduzindo salários e regalias.
Até à escravização total, certamente, pois nada deterá esta gula imparável dos capitalistas em acumular lucros sempre à custa da exploração de quem trabalha.
Nada deterá... até quem sofre tanta exploração se levantar, também sempre imparável, a derrubar este sistema ignóbil.

http://www.avante.pt/pt/1927/argumentos/111138/

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