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04/11/2010

Portugal cai no Índice de Desenvolvimento Humano da ONU

Portugal ocupa o 40.º lugar na avaliação anual do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) num total de 169 países, o que significa uma queda de seis posições em relação ao documento do ano passado. A avaliação do bem-estar da população tem registado progressos mais significativos, ao longo das últimas duas décadas, na saúde, esperança de vida, educação e acesso a bens e serviços. - Todo o relatório [17,555 KB]

Entre os indicadores que contribuem para a elaboração do ranking do programa da ONU estão a esperança de vida ao nascer, o nível de escolaridade e o rendimento per capita. Estes indicadores colocam Portugal na 40.ª posição, apenas seguido pela Polónia e Barbados, no fundo do grupo dos países com “desenvolvimento humano muito elevado”. A listagem é liderada pela Noruega.

Os portugueses têm uma esperança de vida à nascença de 79,1 anos, atrás dos japoneses cuja esperança de vida é de 83,2 anos. A escolaridade média em Portugal é de oito anos, a média mais baixa entre os 27 países da União Europeia, liderada pelos 12,6 anos dos noruegueses. O Rendimento Nacional Bruto per capita é de 22.105 dólares (15.734 euros), bem inferior aos 58.810 dólares da Noruega.

Desenvolvimento económico, padrões de vida, inovação, instituições, políticas e equidade, poderes do cidadão, índice de desigualdade, disparidades de género e pobreza e grau de vulnerabilidade (ao nível de emprego e pelas alterações climáticas) são outros factores de análise para a elaboração da tabela.

Além do grupo dos países com um nível muito elevado de desenvolvimento, o nível de bem-estar das nações foi agrupado em elevado, médio e baixo.

No ranking geral, Portugal à frente da Polónia (41.º lugar), Letónia (48.º lugar) Roménia (50.º) e Bulgária (58.º).

A administradora do PNUD nota que, principalmente nos últimos 20 anos, foi registado um crescimento de 25 por cento nos sectores da saúde e educação, bem como a duplicação dos rendimentos. Os desenvolvimentos alargam-se ainda à capacidade de escolha e decisão públicas.

A tendência de desenvolvimento, iniciada na década de 70, verificou-se mesmo em países que enfrentaram condições económicas desfavoráveis. Entre 135 países que representam 92 por cento da população mundial, apenas a República Democrática do Congo, a Zâmbia e o Zimbabué apresentam um Índice de Desenvolvimento Humano inferior ao de 1970.

“Estes anos foram também marcados por um crescimento das desigualdades, entre os países e no sei seio”, lê-se no relatório.

"È agora quase universalmente aceite que o sucesso de um país ou o bem-estar de um indivíduo não podem ser avaliados somente pelo dinheiro (…) devemos também avaliar se as pessoas conseguem ter vidas longas e saudáveis, se têm oportunidades para receber educação e se são livres de utilizarem os seus conhecimentos e talentos para moldarem os seus próprios destinos", escreve Helen Clark na introdução ao documento.

O Relatório de Desenvolvimento Humano é publicado anualmente pela ONU desde 1990 e avalia a situação dos países através do Índice de Desenvolvimento Humano, para perceber o bem-estar de uma população.

Evolução com reveses
O relatório do PNUD, que vai na 20.ª edição, adverte que "alguns países sofreram sérios reveses - particularmente na área da saúde - anulando, por vezes, em alguns anos os ganhos de várias décadas". A epidemia de VIH/SIDA e o aumento da mortalidade adulta afectaram 19 países (seis na África Subsariana e três na antiga União Soviética).

A evolução na educação é generalizada e contribuiu para a igualdade de acesso entre rapazes e raparigas.

Já o crescimento económico tem sido "extremamente desigual" e "as lacunas do desenvolvimento humano por todo o mundo permanecem enormes, embora estejam
a diminuir". De resto, não se verifica convergência no rendimento, ao contrário da saúde e da educação. Nas últimas quatro décadas, os países ricos cresceram mais depressa do que os pobres.

Português gasta menos de metade em serviços de saúde do que o norueguês
Cada português apresentava, em 2007, cerca de 1600 euros por ano em despesas de saúde, enquanto os noruegueses gastavam em média 3340 euros. A Noruega lidera o Relatório de Desenvolvimento Humano da ONU.

A área das despesas com a saúde é liderada pelos americanos, que em 2007 tinham um gasto anual médio de 5107 euros.

Em comparação com os restantes países, Portugal tem 34 médicos e 35 camas hospitalares por cada 100 mil habitantes, números aproximados dos 39 médicos e 39 camas em unidades de saúde na Noruega.

No que respeita à qualidade dos serviços de saúde, 64 por cento dos portugueses disse estar satisfeito.

Emprego não gera padrão de vida satisfatório
Nove em dez portugueses declarou estar satisfeito com o emprego que tem, mas mais de metade da população não gosta do seu padrão de vida, veicula ainda o documento das Nações Unidas.

Segundo dados de 2008, quase 20 por cento dos trabalhadores inquiridos estão numa situação laboral de vulnerabilidade, ou seja, estão "envolvidos em trabalho familiar não pago e trabalho por conta própria".

Os dados revelam que 55,7 por cento da população entre os 15 e os 61 anos estava empregada, sendo o desemprego mais elevado entre as pessoas com mais qualificações académicas. Em 2008 estavam desempregadas oito por cento das pessoas com ensino primário ou inferior, enquanto entre as pessoas com ensino secundário ou superior o desemprego era superior a 15 por cento.

Portugal está, com o Barém, entre os países no grupo do desenvolvimento humano muito elevado onde foram detectados casos de trabalho infantil. Três por cento de crianças entre os cinco e os 14 anos têm algum tipo de trabalho económico ou doméstico, enquanto no Barém (39. lugar da tabela) a percentagem sobe para cinco por cento.

O índice de bem-estar cívico e comunitário revela que sete em 100 pessoas foram assaltadas em Portugal, mais do dobro do relatado pelos noruegueses (três por cento), facto que contribui para que seis em 10 portugueses afirme sentir-se em segurança.

Desigualdade de género
A desigualdade de género, que é um indicador introduzido pela primeira vez no relatório de 2010, revela que os parlamentos de todo o mundo continuam a ser um lugar maioritariamente ocupado por homens. Em Portugal, a percentagem de mulheres eleitas para a Assembleia da República é de 28,3 por cento.

Esta diferença verifica-se também nos países da OCDE, onde para cada mulher sentada no Parlamento, há quatro homens (20,6 por cento). Os países com maior participação feminina são a Suécia (47 por cento), Finlândia (41,5 por cento) e Dinamarca (38 por cento).

As mulheres lideram na escolarização em Portugal: mais de 44 por cento concluiu o ensino secundário, perante 43,8 por cento dos homens. Contudo, este facto não tem expressão no mercado laboral: 69 por cento de mulheres contra 79,6 de homens.

 http://tv1.rtp.pt/noticias/index.php?t=Portugal-cai-no-Indice-de-Desenvolvimento-Humano-da-ONU.rtp&article=389080&layout=10&visual=3&tm=7

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