Muitos dos 2406 homens e mulheres que, ontem, receberam o diploma da Universidade de Aveiro estão a pensar emigrar. O desemprego e a pouca investigação desviam o olhar dos novos "doutores" para o estrangeiro. O reitor deu o mote no discurso.
Os novos diplomados e o reitor da Universidade de Aveiro (UA) admitiram, ontem, durante o Dia da UA, uma cerimónia onde foram entregues bolsas de mérito e 2406 diplomas referentes ao ano lectivo de 2008/2009, que as fronteiras para procurar emprego há muito se alargaram, fruto do mercado global e da crise. O JN falou com quatro novos diplomadas: três estão a pensar emigrar.
Filipa Silva, 22 anos, terminou a licenciatura em Biologia com 14 valores e está a frequentar o 1º ano de mestrado em Biologia Aplicada. O futuro que planeia passa por continuar a estudar e trabalhar nesta área, mas além fronteiras. "Quero fazer um doutoramento em Biologia Molecular no estrangeiro e tentar trabalhar lá fora, talvez na Alemanha, Holanda ou Inglaterra. Em Portugal não vejo muitas oportunidades, sobretudo na área da investigação científica. Acho que somos mais reconhecidos lá fora", diz, sem hesitar.
Também Inês Gamelas, que frequenta o 1º ano do mestrado em Línguas, Literaturas e Culturas - estudos alemães e foi agraciada com uma bolsa de mérito, está pronta a fazer as malas. Voltou de um ano de Erasmus (um programa de mobilidade de estudantes e docentes do Ensino Superior entre Estados-membros da União Europeia) em Hamburgo, Alemanha, e, depois de concluir o mestrado, vai tentar um estágio em Itália. "Já me candidatei e as perspectivas são boas. Talvez fique a trabalhar em Itália ou noutro país".
Mais descansada está Ana Cristina, que tem emprego garantido na própria universidade em que concluiu o mestrado em Ciências da Educação. "Já estou a fazer investigação na UA", explica, enquanto faz planos para iniciar o doutoramento.
Procura paralela
No mercado de trabalho há-de ingressar André Romão, 28 anos, que concluiu recentemente uma licenciatura em Novas Tecnologias da Comunicação e um estágio em Salamanca. "Estou preocupado e como sei que o mercado de trabalho está difícil, vou procurar em paralelo em Portugal e no estrangeiro, possivelmente em Espanha, Inglaterra e Estados Unidos da América. Confio na qualidade da formação", remata.
O reitor da UA, Manuel Assunção, demonstrou que não é alheio a esta realidade ao realçar, no seu discurso, que o mercado de emprego tem de ser encarado, "cada vez mais, num âmbito que ultrapassa a região e o próprio país". Para isso, sublinha, é necessário que os alunos adquiram "competências, autonomia na aprendizagem, espírito empreendedor e aplicação de conhecimento na resolução de problemas", factores essenciais na empregabilidade, tanto dentro como fora do país.
http://jn.sapo.pt/paginainicial/pais/concelho.aspx?Distrito=Aveiro&Concelho=Aveiro&Option=Interior&content_id=1586719
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