Os trabalhadores da Delphi já estão a receber as cartas de despedimento, mas só terão as indemnizações acordadas no final de Dezembro
Os mais de 430 trabalhadores da Delphi de Ponte de Sor já começaram a receber as cartas de despedimento, que será consumado nos próximos dias 30 e 31 de Dezembro, mas o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins (SIMA) diz que os processos estão "incompletos", pois "não indicam" o salário do trabalhador.
"Ou se tratou de lapso ou a empresa não quer que essa informação seja conhecida. No entanto, a lei é clara quando refere que os processos têm de incluir todos os elementos relativos ao trabalhador, como a antiguidade e a categoria profissional. Nas cartas enviadas está lá tudo, só falta a indicação do salário", disse o secre- tário-geral, José Simões, acrescentando que as indemnizações não estão a ser pagas: "O cheque só será entregue aos trabalhadores no final de Dezembro".
O acordo de despedimento colectivo, assinado em Outubro de 2008 entre a empresa, sindicatos e Governo, estabelece uma indemnização de 2,3 salários mensais por cada ano de trabalho. "Estamos convictos de que o acordo será cumprido", afirmou José Simões.
Para além das cartas de despedimento, alguns operários foram também mandados para casa. Entre estes incluem-se delegados sindicais. "Isso é demonstrativo de que a empresa gosta imenso das organizações sindicais", ironizou o secretário-geral do SIMA.
Quanto ao anunciado interesse de uma nova multinacional em adquirir parte das instalações em Ponte de Sor, assegurando a contratação de alguns funcionários agora despedidos, o dirigente sindical disse que tudo "não passa de boas-vontades e de promessas", sem que tenha sido concretizada qualquer proposta. "A única certeza é o desemprego", lamentou.
Em declarações ao DN, o governador civil de Portalegre, Jaime Estorninho, reconheceu que o encerramento da Delphi, maior empregadora do Norte Alentejano, terá um "grande impacto" na estrutura económica e social do distrito. "As indemnizações resolvem o problema imediato das pessoas, mas são postos de trabalho que dificilmente serão recuperados, dada a fragilidade do tecido económico da região", sustentou.
D.N. - 03.11.09
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