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05/11/2009

Prossegue a luta na Saint-Gobain

Em luta pela retoma da produção e os postos de trabalho, os trabalhadores da Saint-Gobain Glass, ex-Covina, concentraram-se, dia 30, diante a Câmara Municipal de Loures para exigirem a intervenção da autarquia.

A decisão da concentração que contou com o apoio do Sindicato dos trabalhadores da Indústria Vidreira, diante a autarquia de maioria PS, foi tomada no plenário de dia 28, junto às instalações, em Santa Iria da Azóia, onde os representantes dos trabalhadores prestaram esclarecimentos sobre os seus direitos, após a administração lhes ter enviado propostas de rescisão dos contratos.
Da autarquia, os trabalhadores exigiram uma tomada de posição e a sua intervenção no sentido da salvaguarda dos postos de trabalho e da economia do Concelho, como referiu, na concentração, Rui Braga, da Comissão de Trabalhadores.
Num comunicado distribuído aos trabalhadores e à população, intitulado «Ninguém pode ficar indiferente perante a destruição da ex-Covina», a Organização Regional de Lisboa do PCP apelou à solidariedade com esta luta, em defesa do aparelho produtivo nacional, «condição indispensável ao futuro de Portugal e do p+ovo português».
O documento recorda como PS e PSD foram responsáveis pela privatização da vidreira, durante a década de '90, tendo argumentado que aquela alienação era indispensável para que se modernizasse, crescesse e criasse emprego. Dando essas garantias, a multinacional francesa adquiriu-a beneficiando de milhares de contos em financiamentos públicos, «até então negados à Covina portuguesa». No fim do ano passado, a multinacional apresentou lucros de 1,8 mil milhões de euros, prossegue o comunicado, adiantando que, em Janeiro, o Governo anunciou apoios à vidreira de 68 milhões de euros, mas na mesma data foi decretado um primeiro lay-off, por seis meses, e encerrada a produção de vidro plano com o argumento da necessidade de reparação do forno.
Após as eleições legislativas, a multinacional anunciou que ia proceder a despedimentos e que pretende substituir a produção por material importado de fábricas no estrangeiro.
Os trabalhadores voltaram a exigir, do Governo, a defesa dos empregos e da produção, mas o executivo PS «enviou a polícia para “dialogar” com os trabalhadores e continua a financiar a multinacional», recordou o comunicado da DORL do PCP que descreve, detalhadamente, as várias resoluções do Conselho de Ministros de que previam a revitalização, viabilidade e continuidade da única fábrica nacional de vidro plano.
O comunicado termina salientando que, erradamente, «a lógica do Governo continua a ser “o que é bom para as multinacionais é bom para Portugal.»

Avante - 05.11.09

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