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07/11/2009

Trabalhadores da A. Couto, de Nelas, vão pedir insolvência

Trabalhadores da A. Couto Lda, de Nelas, pretendem pedir a insolvência da empresa, depois de o patrão alegadamente os ter tentado convencer a rescindirem contrato por não ter dinheiro para lhes pagar.

Os perto de 60 trabalhadores da empresa de instalações eléctricas, que tem entre os principais clientes a Visabeira (em regime de subempreitada), estão com o subsídio de férias e o mês de Outubro em atraso.

"Ontem (quinta-feira) disse na cara a sete trabalhadores que não nos ia pagar. E hoje disse ao resto do pessoal", contou à Agência Lusa Joaquim Ascensão, representante da Comissão de Trabalhadores.

Segundo Joaquim Ascensão, que tem quase 20 anos de casa, o patrão "queria dar a volta aos trabalhadores para que fizessem a resolução do contrato de trabalho" e deu-lhes indicações de como deveriam agir.

"Pediu para em primeiro apresentarmos uma carta a dizer 'como é do vosso conhecimento, não procederam ao pagamento do meu subsídio de férias, que deveria ter ocorrido no mês de Agosto, bem como não me pagaram, até esta data, o salário respeitante ao mês de Outubro'", contou.

A proposta da carta - a que a Lusa teve acesso - acrescentava: "face a esta situação, solicito que me informem se é vossa intenção procederem ao pagamento das retribuições em atraso dentro do prazo máximo de 60 dias".

A resposta da gerência a esta carta também já estava preparada e informava os trabalhadores de que não era possível "proceder ao pagamento das retribuições em atraso, em prazo útil, ou seja, dentro dos próximos seis meses".

Atribuindo a culpa ao "mercado e a todos os seus condicionalismos", que "goraram todas as tentativas" para manter a empresa e os postos de trabalho, acabava com a gerência a dizer que não se previa quando poderia "cumprir essa obrigação".

O terceiro passo proposto aos trabalhadores foi que respondessem à carta da gerência a informar da intenção de "rescindir com justa causa o contrato de trabalho", para que pudessem obter subsídio de desemprego.

"Fomos ao Tribunal do Trabalho que nos aconselhou a não assinarmos nada, porque quem nos deve é ele e ele é que tem que nos mandar embora. Caso contrário, sairíamos da empresa com uma mão à frente e outra atrás, perderíamos as regalias pelos anos de trabalho", contou Joaquim Ascensão.

Os trabalhadores estão em contacto com advogados para tratarem do pedido de insolvência da empresa. Até que esta seja decretada, pretendem ficar por grupos dentro das suas instalações.

"Vamo-nos revezando para guardarmos os materiais e as viaturas que estão cá dentro", justificou.

Na sua opinião, "a empresa não fecha por falta de trabalho, mas por má gestão".

"Estou convencido de que, mesmo que não aparecesse mais nada, só o que já temos agora nos dava trabalho até meados de 2010", considerou Joaquim Ascensão.

A Lusa tentou, em vão, contactar o dono da empresa, Victor Vaz.

Oje.pt - 06.11.09

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