Manuel Gouveia
«O dinheiro que os portugueses enviaram no primeiro semestre para os off-shores chegava e sobrava para pagar o novo aeroporto de Lisboa e a terceira travessia sobre o Tejo.» Assim, literalmente assim, «informava» a TSF este domingo.
Mas para o caso de algum ouvinte ter ficado com dúvidas sobre quem seriam esses portugueses malandros que estavam a meter tanto dinheiro nos off-shores, a TSF convidou um «Professor Universitário» para nos ensinar que esses SEIS MIL MILHÕES DE EUROS tinham origem «nos portugueses que mantêm emprego, que tiveram um importante aumento do rendimento disponível».
À noite, todos os telejornais repetiriam este facto científico: os trabalhadores portugueses que têm emprego, esses privilegiados, têm tanto dinheiro que depositaram nos off-shores seis mil milhões.
A conclusão, é DESTA VEZ apenas induzida: é preciso cortar nos privilégios dos trabalhadores com emprego.
Seria caso para desatar às gargalhadas, não fora a consciência que esta absoluta falta de vergonha, esta atroz manipulação da realidade, produz resultados demasiado perigosos nas consciências previamente adormecidas e embrutecidas pelas classes dominantes.
Temos que ser nós, nos espaços de liberdade que construímos e defendemos, neste Avante!, na nossa propaganda, nas ruas e nas empresas, na nossa Festa, a encontrar a forma de desmontar as falsificações da burguesia.
Temos que ser nós a sublinhar que o rendimento TOTAL dos 2 milhões de portugueses que sobrevivem com o SMN é INFERIOR ao dinheiro depositado nos Off-Shores.
Temos de ser nós a sublinhar que o rendimento TOTAL de 2 milhões de reformados portugueses é INFERIOR ao dinheiro depositado nos off-shores.
Temos que ser nós a sublinhar que os 5 milhões de portugueses que trabalham não têm 1200 Euros por semestre para depositar em off-shores.
Temos de ser nós a demonstrar e difundir que estes SEIS MIL MILHÕES vieram de onde podiam vir, dos únicos que nestes tempos de «crise» continuam a encher a barriga e acumulam milhares de milhões em lucros.
E a sublinhar que, de facto, o dinheiro que está nos off-shores é «dos portugueses», mas foi roubado por uns poucos portugueses à maioria dos portugueses. E que é tempo de o devolverem! Ao povo português.
Avante - 27.08.09
À procura de textos e pretextos, e dos seus contextos.
27/08/2009
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