João Ramos de Almeida
Em 2007, os trabalhadores portugueses mantinham uma estrutura de qualificações muito semelhante à verificada duas décadas atrás. Os trabalhadores pouco qualficados eram 31 por cento da força de trabalho e, quase vinte anos depois, representavam a mesma percentagem do universo total.
As conclusões retiram-se dos dados referentes aos quadros de pessoal entregues pelas empresas e foram compiladas pela CGTP. "A evolução das qualificações ao longo de quase duas décadas revela que continua a existir uma elevada expressão dos níveis a que corresponde menor qualificação", refere a nota ontem distribuída.
A boa notícia é que os trabalhadores com elevadas formações subiram significativamente. Os quadros superiores passaram de 2,3 por cento para 6,9 por cento do total do pessoal ao serviço. E o mesmo parece ter acontecido aos quadros médios - de 1,9 para 4,7 por cento do total dos trabalhadore - ou aos quadros altamente qualificados - de 4,3 para 7,5 por cento.
Mas os trabalhadores qualificados descerem sensivelmente - de 42,7 para 41 por cento.E o pessoal menos qualficado manteve um elevado peso na estrutura de qualificações - cerca de um terço.
Outro aspecto signficativo foi a queda do número de aprendizes. O seu número passou de 12,3 por cento do pessoal ao serviço para 4,8 por cento.
"A evolução das qualificações evidencia duas realidades", sintetiza a nota da CGTP. "O aumento dos quadros, superiores e médios, e de profissionais não qualificados coexiste com a baixa qualificação de uma parte significativa do emprego. Pior ainda é o facto de na presente década ter aumentado a percentagem dos trabalhadores com menores qualificações, o que indicia que muitos dos empregos que estão a ser criados, sobretudo nos serviços, continuam a obedecer ao padrão de baixos salários, baixas qualificações e precariedade".
A CGTP conclui igualmente que a fraca evolução das qualificações se ficar a dever, igualmente, ao fraco investimento das empresas em formação profissional.
Publico.pt - 26.08.09
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