Este tipo de decisões e discursos não é mais do que atirar gasolina para cima de uma fogueira que, por agora, ainda está controlada. Aos líderes políticos exige-se responsabilidade e honestidade intelectual. Desde logo, porque se sabe que os bairros problemáticos são hoje habitados, na sua maioria, não por imigrantes mas por cidadãos nascidos em Portugal, independentemente da cor da pele.
Palavras como as de Paulo Portas ou decisões populistas como a anunciada pelo Governo, tomadas em cima de acontecimentos como estes, só contribuem para o fomento de atitudes racistas, xenófobas e de intolerância que tornam ainda mais perigosa a situação, já de si explosiva, nos chamados bairros problemáticos. Há por isso que louvar a ordem dada às polícias, de total contenção, para evitar que a violência alastre a outros bairros. Ainda que haja intenção de evitar problemas complicados num ano politicamente muito importante, o que interessa é travar uma onda de violência, como a de França e Grécia.
Outra questão é saber as causas deste tipo de violência. Quando no final dos anos 80 se deu início aos planos de erradicação dos bairros de lata não se acautelou o essencial, social e arquitectonicamente, áreas onde a ideologia de esquerda dominava: a integração e inclusão dos habitantes desses bairros. O que se fez foi substituir as barracas de lata por barracas de betão. Como se vê, a política feita em cima do joelho nunca dá bons resultados."
do Editorial D.N. - 10.05.09
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