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26/12/2010

Trabalhadores em vigília na noite de consoada

Logo à noite, quanto as famílias celebrarem o Natal em suas casas, um grupo de trabalhares irá fazer a consoada à porta da empresa que os despediu. Irão ficar em vigília, como têm vindo a fazer, para evitar a retirada do equipamento da fábrica.
 
foto José Mota/Global Imagens
Trabalhadores em vigília na noite de consoada

 
Dentro do pavilhão onde, até há cerca de um mês atrás, funcionou a empresa Ayt-Montagens Eléctricas SA, estão, segundo os 70 homens despedidos, "geradores, abre-valas, compressores, camiões, carrinhas e gruas". "Tudo material em bom estado que usávamos para trabalhar e que querem agora vender como sucata e retirar algumas máquinas para outras empresas. É claro que não vamos deixar", disse ao JN José Horácio Brandão, presidente da Comissão de Credores da empresa que trabalhava, sobretudo, para a EDP.
As sete dezenas de homens estão a controlar as entradas e saídas do pavilhão em Santiago da Cruz, Famalicão. Com a ajuda do Sindicato das Indústrias Eléctricas, os trabalhadores vão pedir a intervenção do Procurador Geral da República numa última tentativa de evitar que o património da empresa seja "delapidado". Depois de um longo processo, no último dia 13, foi aprovada a liquidação da empresa.
Antes, no dia 17 de Setembro, a administração da empresa emitiu um comunicado a informar os trabalhadores do encerramento. "O comunicado só dizia que ia fechar e não falava em pagar salários em atraso nem indemnizações", frisou Carlos Monteiro, outro dos funcionários despedidos após 17 anos de trabalho na mesma empresa. Em Setembro, os trabalhadores pediram a suspensão dos contratos de trabalho. Estavam e estão sem receber os salários de Agosto e Setembro e mais cinco subsídios de Natal de Férias de anos anteriores.
O encerramento da Ayt-Montagens Eléctricas SA foi precedido da criação da empresa Ayt II-Engenharia Limitada que está a laborar e que tem, entre os seus fundadores, a empresa agora encerrada. "Trabalho há 30 anos nesta empresa, devem-me dinheiro e ainda tive que ouvir o administrador dizer-nos para irmos para casa que o Estado nos iria pagar tudo o que tínhamos direito porque ele não nos devia nada", finalizou José Horácio Brandão.

http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=1741885

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