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28/12/2010

CGTP diz que Ano Europeu contra a Pobreza foi um "falhanço total"



O secretário geral da CGTP-In considerou hoje, terça-feira, que o Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social, que decorreu em 2010, foi um "falhanço total", não tendo sido atingidos quaisquer dos objectivos propostos.
foto MIGUEL A. LOPES / LUSA
CGTP diz que Ano Europeu contra a Pobreza foi um "falhanço total"
Carvalho da Silva, líder da CGTP
"Chegados ao final do ano, é tempo de se fazer um balanço, tanto mais que se trata de um tema de enorme sensibilidade, quer no contexto europeu, quer no contexto nacional. Reflectindo sobre o percurso feito este ano nesta matéria, nós vemos que o balanço do Ano Europeu significa um completo falhanço dos objectivos enunciados", defendeu Carvalho da Silva, em conferência de imprensa.
Para a CGTP-In, "nenhum objectivo foi alcançado" e durante o ano de 2010 foi possível ver emergir uma União Europeia "menos solidária".  
No entender de Carvalho da Silva, três factores contribuíram "de forma decisiva para este retrocesso no combate à pobreza e à exclusão social", nomeadamente "a persistência e o agravamento da ortodoxia económica que vem sendo seguida nas políticas europeias".  
Outra razão tem a ver com os "constrangimentos a que as políticas são submetidas para execução do Programa de Estabilidade e Crescimento, quer quanto a metas, quer quanto a prazos".  
A terceira razão prende-se com o facto de "se ter caminhado no sentido de facilitar o desemprego, estando o país num contexto de agravamento de desemprego que é ele mesmo uma causa do agravamento da pobreza".  
Dar é importante mas não resolve situação de pobreza 
Carvalho da Silva apontou que em Portugal a situação se tem reflectido na "destruição do caráter solidário do sistema de protecção social" e alertou que se caminha para uma "espécie de espiral regressiva", em que os pobres estão cada vez mais pobres em nome da solidariedade.  
Acrescentou que o número de pessoas que recorrem às instituições de açcão social tem aumentado, mas sublinhou que, se é importante dar, isso não resolve a situação de pobreza porque também se tem assistido a uma degradação do mercado de trabalho.  
De acordo com o líder da CGTP, 2010 foi o ano em que o corte na protecção social foi maior. Houve "um sem número de subsídios que foram cortados em nome de que 2010 é um ano de crise".  
No próximo ano, na perspectiva da CGTP, o desafio está "na criação de emprego com desenvolvimento do país, voltado para as pessoas e não para a concentração da riqueza em alguns".  
Carvalho da Silva disse também que a falta de resultados mostra o "falhanço político total e absoluto" porque "as opções políticas não têm em conta os objectivos que estavam enunciados para o Ano Europeu".
Nesse sentido, defendeu, é preciso afrontar o poder político e desestabilizar "a classe burguesa", "pondo em causa as opções, os caminhos e as propostas concretas que têm sido executadas".

http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=1744379

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