Os trabalhadores dos transportes vão intensificar a luta, em resposta aos cortes nos salários, à eliminação de muitas centenas de empregos e à redução de serviços.
Para hoje está marcada uma reunião de organizações representativas do pessoal do sector ferroviário, onde o sindicato da CGTP-IN pretende que se trate dos aspectos mais concretos da organização de uma manifestação nacional, durante a primeira quinzena de Janeiro. Neste mês - refere o SNTSF, ao divulgar esta decisão - o Governo manda as administrações procederem ao corte nos salários, reduzirem o pagamento do trabalho extraordinário, retirarem dez por cento nas ajudas de custo e outras parcelas da remuneração não sujeitas a descontos para a Segurança Social.
Também haverá maior retenção do IRS, aumento do IVA, redução de apoios sociais e imposição de medidas para diminuir os custos operacionais das empresas - como já consta no Orçamento do Estado aprovado pelo PS e pelo PSD.
Ainda na quarta-feira, dia 15, a Fectrans/CGTP-IN promoveu mais uma acção pública em Lisboa, com desfile de representantes dos trabalhadores dos transportes e comunicações, desde o Rossio até ao Ministério de António Mendonça, para contestar esta política e a privatização dos CTT, da EMEF, da CP Carga, de todas as linhas da CP, bem como da TAP e da ANA. Mas nesse mesmo dia veio o ministro das Finanças anunciar o fecho de linhas e de serviços ferroviários, reafirmando a privatização das carreiras suburbanas da CP em Lisboa e Porto; no dia seguinte, foi publicada uma entrevista do vice-presidente da CP, revelando que as rescisões de contratos no grupo poderiam afectar 600 trabalhadores.
Falta verdade...
«Não nos dizem toda a verdade», protestou o sindicato, apresentando os números do Plano e Orçamento do Grupo CP para 2011, que a empresa enviou ao Governo a 30 de Novembro e onde surgem números muito diferentes daquele: num quadro são somados 815 empregos a eliminar, nas várias empresas, mas é também expresso o objectivo de cortar 30 por cento do efectivo da CP e unidades de negócio - o que representa 971 postos de trabalho, apenas na empresa-mãe. O Plano inclui ainda drásticas reduções de oferta de serviços.
As verbas orçamentadas para indemnizações por despedimento (quando o Governo coloca em discussão a redução do valor destas) também suscitam muitas dúvidas e inquietações, admitindo o SNTSF que os valores mais elevados possam significar uma eliminação de postos de trabalho em número ainda maior do que o agora indicado.
Mesmo com todos os cortes que recaem sobre trabalhadores e utentes, o Orçamento prevê o crescimento dos prejuízos para 263 milhões de euros, mais 14 milhões do que o previsto para 2010 e mais do dobro da despesa com salários na CP (128 milhões).
O SNTSF, as comissões de trabalhadores da CP, da EMEF, da Refer e da CP Carga, e os sindicatos SMAQ, SNAQ, Ugtfer, SFRCI, Aprofer, Ascef e SINFB escreveram no dia 17 ao ministro dos Transportes, protestando contra a «afronta» feita através da comunicação social, em contraste com o «silêncio» das administrações, que nada têm dito às organizações representativas dos ferroviários sobre a forma como pensam pôr em execução a exigência da tutela de reduzir em 15 por cento os custos operacionais no próximo ano.
A reunião que as estruturas pediram foi marcada para dia 21, ao princípio da noite. Já estava em marcha a preparação da manifestação nacional. E mantém-se pertinente o aviso deixado pelo sindicato aos ferroviários: «Mesmo que parássemos a luta, o Governo e as suas administrações não parariam a sua ofensiva.»
Greve no handling
Os quatro sindicatos que convocaram greve para hoje e dia 29, na Groundforce/SPdH, decidiram anteontem não realizar o primeiro dia de paralisação, como forma de minimizar os efeitos do encerramento de vários aeroportos, durante esta semana, por causa das condições meteorológicas.
No entanto, «os pressupostos do aviso de greve continuam válidos» e o Sitava/CGTP-IN, o SIMA, o Sintac e o STHA mantêm a luta para dia 29, quarta-feira, e reafirmaram, num comunicado conjunto, que a greve «será uma resposta clara e inequívoca dos trabalhadores à prepotência do Governo e dos conselhos de administração da TAP e da SPdH».
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