Honório Novo
Depois de cinco anos de desenganos, tem razão o povo por já não prestar atenção às mensagens de Natal do eng.º Sócrates. Para se perceber a razão deste desprezo basta comparar - como bem fez ontem o JN -, o que Sócrates disse no sábado com as ideias da sua mensagem natalícia de há um ano. Falava então Sócrates de "esperança no crescimento da economia e do emprego em 2010"; neste sábado, no limiar de uma nova recessão, com o desemprego a bater valores impensáveis, que confiança podemos ter neste Governo e na sua "agenda de 50 (requentadas) medidas para o crescimento da economia e do emprego"?
Falava Sócrates há um ano da "necessidade de investir em infra-estruturas de transportes e de comunicações, em novas escolas, hospitais e barragens"; neste Natal, com um Orçamento PS/PSD que reduz o investimento a níveis ridículos e adia tudo (desde as redes de metro à construção de hospitais, das escolas às barragens), Sócrates recita uma lista de actos de quase-propaganda para esconder a paralisia do Estado e o seu indigente investimento público.
Em 2009, Sócrates apregoava a "solidariedade social, o aumento das pensões e o alargamento da protecção no desemprego"; neste Natal já não teve sequer o descaramento de falar de questões sociais, depois de congelar pensões e cortar na protecção ao desemprego (para já não falar do abono de família ou do complemento solidário para idosos).
A mensagem de Sócrates, e a que certamente nos reserva Cavaco Silva no Ano Novo, ofendem a dignidade dos que perderam empregos e apoios sociais, dos que vão ganhar menos, mas irão pagar mais pelos remédios, a educação ou os transportes. É a suprema hipocrisia natalícia dos mensageiros da falsa esperança, no fundo dos grandes responsáveis da situação que vivemos.
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