Portugal é o terceiro país da União Europeia, a seguir à Irlanda e à Eslováquia, que regista a maior fuga de cérebros
Um em cada 13 portugueses com curso superior emigrou em 2000, para um total de 90 mil emigrantes nesse ano, segundo o Observatório da Emigração. Só a Eslováquia (14%) e a Irlanda (23%) nos ultrapassam em termos de fuga de cérebros para o estrangeiro, na União Europeia. O número destes emigrantes quase duplicou na década de 1990.
Mas, se contabilizarmos o número de portugueses que concluíram a formação superior nos países de destino, a percentagem de emigrantes com este nível de habilitações é de 20 %. Até porque muitos dos que emigram para estudar ou prosseguir a formação académica acabam por se fixar na origem devido à falta de perspectivas em Portugal.
Segundo os autores de Portugal: Atlas das Migrações Internacionais, publicado pela Gulbenkian, os principais destinos desses cérebros eram em termos absolutos EUA, Canadá, Alemanha e França, e, em termos relativos, Reino Unido, Bélgica, Holanda, Suécia e Itália.
"À excepção da França [apenas 4% são licenciados], em todos os países referidos a percentagem de emigrantes portugueses com formação superior situava-se entre um mínimo de 20% (EUA) e um máximo de 40% (Reino Unido)", revela o Atlas. E que o perfil mais desqualificado para França se assemelha aos fluxos para o Luxemburgo, a Suíça e a Espanha. "Se um em cada 20 ou 30 dos licenciados regressar ao País, não há problema. Pelo contrário. Mas se isso não acontecer é preocupante", sublinha o professor da universidade canadiana Álvaro Santos Pereira.
A actual crise e os números crescentes do desemprego em Portugal não são, nesse sentido, um bom indicador, acrescenta o economista. "Segundo os últimos números, 68 mil das pessoas desempregadas em Portugal são licenciadas, e se não houver oportunidades em Portugal vão para fora", prevê.
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