No final de uma semana marcada por intensos protestos estudantis, cerca de 200 mil pessoas participaram, dia 27, em Roma, na manifestação nacional convocada pela CGIL, a maior central sindical de Itália.
«Futuro, trabalho, jovens» foi a consigna da grande manifestação que trouxe à capital italiana trabalhadores e estudantes de todo o país para protestar contra os múltiplos ataques do governo e das confederações patronais aos direitos sociais e laborais.
Os organizadores não divulgaram números, limitando-se a revelar que foram fretados mais de 2100 autocarros e 13 comboios, com capacidade para transportar cerca de 120 mil pessoas. Muitas outras se lhes juntaram nas ruas de Roma, confluindo para o comício na Praça San Giovanni, que transbordou de gente.
Para além dos dísticos que reclamavam emprego e uma vida digna, no protesto voltou-se a ouvir as palavras de ordem dos estudantes, cujo movimento contra a reforma do ensino superior continua a alargar-se.
Da tribuna, Susanna Camusso sublinhou que «para construir o futuro, é preciso partir do trabalho», apelando a uma mudança de políticas para proteger o emprego e a segurança social. De outro modo «é preferível que o governo se vá embora», avisou a nova secretária-geral da CGIL, eleita no início de Novembro.
Todavia, as recentes medidas anunciadas pelo governo vão em sentido inverso. Se no início da crise foi criado um fundo de ajuda social, que designadamente permitia às empresas recorrer ao desemprego parcial e evitar os despedimentos, agora as restrições orçamentais ameaçam eliminar estes paliativos, ao mesmo tempo que o patronato aumenta a pressão para a redução dos custos de mão-de-obra.
E é no contexto da diminuição da despesa pública que se insere a chamada reforma da Universidade, que prevê a supressão de 134 mil postos de trabalho no sector, a redução do número de bolseiros e a introdução de lógicas empresariais na gestão dos estabelecimentos de ensino. Milhares de jovens investigadores receiam que os respectivos contratos não sejam renovados.
Durante a semana passada, as acções estudantis por toda a Itália incluíram a ocupação da Torre de Pisa, do Coliseu de Roma e do terraço da Basílica de São Marcos, em Veneza, monumentos onde foram colocadas faixas com inscrições contra a reforma que o parlamento se preparava para votar na terça-feira, dia 30. Também na Sicília (Sul), os estudantes tomaram locais simbólicos, como o telhado do teatro de Palermo e o campanário da catedral de Messina.
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