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16/09/2009

Professores dão má nota a arranque de ano lectivo

Ministério da Educação acusado de deixar escolas sem docentes suficientes para funcionar.

Falta de docentes, outros colocados à última da hora, sem preparação, e protestos de pais contra a falta de condições nas escolas, são apenas algumas das razões que levam o arranque do novo ano lectivo a merecer um chumbo dos professores.

"O Ministério da Educação merece uma nota de 3, pelo que não fez e pelos erros que cometeu. Os professores, pelo trabalho que tiveram, por abdicar do seu descanso para preparar este começo de aulas, têm direito a um 15". Este é o balanço do começo de mais um ano lectivo, feito pelo secretário-geral da Federação Nacional de Professores (Fenprof), Mário Nogueira.

De acordo com o dirigente, há estabelecimentos de ensino onde continuam a faltar docentes, provocando um atraso no arranque das aulas relativamente ao calendário oficial - que cumpriu ontem o último dia.

"Há escolas que estão com enormes dificuldades em ter professores. Mas também há o reverso da medalha, com contratados em cima da hora, que não tiveram tempo de preparar as suas matérias", explicou, frisando: "O Ministério da Educação está a querer dar o ar de serenidade, mas não está a ser".

Visão partilhada pelo Sindicato de Professores da Região Centro que fala numa "precarização" da profissão, dando como exemplo a colocação de 396 professores para o quadro naquela área, enquanto há 37 mil contratados.

"As escolas não sabem com que professores podem contar", disse, ontem, a vice-coordenadora daquele sindicato, Anabela Sotaia, insurgindo-se contra o período experimental dos professores, ao ao fim do qual estes podem sair para outra escola se tiverem um horário mais favorável.

Já Maria do Rosário Oliveira, coordenadora de Aveiro do Sindicato dos Professores (FNE/UGT) acusa a prática de uma política economicista em relação à gripe A. "Há escolas onde as salas de isolamento estão localizadas nos átrios dos estabelecimentos de ensino", adiantou, ao JN.

Mais satisfeitos com o começo das aulas mostram-se as associações de pais, apesar dos protestos que ocorreram pontualmente pelo país.

"Em comparação com anos anteriores, até pode não ter corrido tudo como o desejado. Até porque existe esta preocupação com a gripe. Mas o balanço é positivo", contrapôs Albino Almeida, presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais.

Devido a transferência dos filhos para a escola de Nogueira do Cravo, em Oliveira do Hospital, os pais dos alunos da escola EB1 do Senhor das Almas impediram, ontem, a entrada do professor e das crianças naquele estabelecimento. Em Braga, pais e alunos da EB 2,3 Frei Caetano Brandão manifestaram-se junto ao estabelecimento de ensino, exigindo a construção de um pavilhão desportivo, pelo qual aguardam há 27 anos.

"Com estes protestos o que os pais mostram é que têm uma insatisfação construtiva. Estão cansados de tanto esperar pela resolução de problemas e aproveitam, um pouco, este período eleitoral", admitiu Albino Almeida.

J.N. - 16.09.09

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