À procura de textos e pretextos, e dos seus contextos.

19/05/2011

Salários

Impostos sobre os vencimentos voltaram a aumentar o ano passado (2010), constituindo já 40% da massa salarial paga em média no País. De notar que estes aumentos contínuos dos impostos sobre o trabalho foram-se aplicando de «PEC» em «PEC» e sem a desculpa da troika que por aí anda agora a preparar uma nova e valente arrochada sobre os trabalhadores.
Entretanto, se o Governo de Sócrates nem precisou das desculpas da troika para aplicar tão desmesurada sangria a quem trabalha, imagine-se o que o próximo Governo, se de novo assentar nos do costume – PS ou PSD – desatará a aplicar também aos do costume.
Como, nessa altura, estarão finalmente «desculpados» pelos «amigos do FMI», imagine-se a total desvergonha que os acometerá nesse novo assalto ao povo e ao País...

Taxas

Como é público e notório, o PS de José Sócrates anda por aí a impingir a ideia de que «defende o Estado social», acusando o PSD de ter o «projecto contrário»: exactamente o de destruir esse «Estado». Para fundamentar esta peregrina tese, tratou de invocar a famosa redução da «Taxa Social Única» (TSU) que o PSD «caiu na asneira» de pretender reduzir em 4% e que a «denúncia» do PS sobre tal desmando deixaria subentendido que o partido de Sócrates nunca faria tal coisa.
Todavia, a oposição tanto pressionou o PS para que explique como pretende fugir à redução da TSU, se essa redução é uma imposição taxativa da troika, já devidamente aquiescida e assinada pelo actual Governo, que o ministro da presidência, Pedro Silva Pereira, ao mesmo tempo que de novo se recusava a responder à questão, viu-se forçado a admitir que a medida «terá de ser quantificada no Orçamento do Estado para 2012».
Ora se o PS pretende renovar o mandato na governação, isto significa que, afinal, o PS também se prepara para reduzir a TSU.
Redução que, entretanto, irá apenas beneficiar as grandes empresas, que vêem assim os seus astronómicos lucros acrescentados de mais um expediente que, enquanto as desobriga de responsabilidades com os seus trabalhadores, retira a estes últimos mais uma grossa fatia dos seus direitos no trabalho.

A «Aprovação»

Veio esta semana em todos os jornais, geralmente na primeira página: a «Zona euro» aprovou a ajuda a Portugal!
Coisa boa, coisa bela, que excelentes amigos Portugal tem! Nem a Finlândia «faltou à chamada», apesar das farroncas e ameaças dos últimos tempos. Portugal está safo, daqui prá frente é sempre a aviar!
Mas...
Há sempre um «mas», não é? E o «mas» desta generosa «Aprovação» é que a famosa «ajuda a Portugal» que ela constitui vai custar, a Portugal e aos portugueses, 5,7% de juros, que é um tão excelente negócio para quem «ajuda» (os grandes bancos, sobretudo alemães), que em sete anos irão receber a módica quantia de 30 mil milhões de euros (isto por um empréstimo de 78 mil milhões – que, entretanto, serão devolvidos integralmente –, o que significa 40% do total emprestado...).
Chamem o que quiserem a isto: «espoliação», «exploração», «assalto», se quiserem.
Mas «ajuda» é que não... Por favor. 

http://www.avante.pt/pt/1955/argumentos/114673/

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