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16/05/2011

Distribuição do rendimento em Portugal é fortemente assimétrica

Comparando com os outros países da União Europeia, Portugal apresenta um perfil de distribuição de rendimento fortemente assimétrico. Em 2008, os 20% mais ricos auferiam 43,2% do rendimento disponível, a percentagem mais elevada na UE-27.

No Quadro 1 é possível ver a distribuição do rendimento monetário por adulto equivalente nos países da UE-27 por quintis, bem como o rácio S80/S20. Em 2008, Portugal era o país em que os 20% mais ricos detinham uma maior percentagem do rendimento total (43,2%), valor muito semelhante ao verificado na Letónia. A Eslovénia, por seu lado, é o país no qual o valor deste indicador é mais baixo, ou seja, é o país em que a porção do rendimento total detido pelos 20% mais ricos é menor no contexto da UE (33,1%). É interessante verificar que Portugal encontra-se entre os países da UE nos quais a porção do rendimento detido pelos quatro quintis com menos rendimento é mais baixa. Aliás, no caso do quintil 3, Portugal é o país da UE em que a porção do rendimento total detido por esse grupo da população é mais reduzida: 16,0%. Ou seja, enquanto a porção do rendimento total detido pelos 20% mais ricos em Portugal é comparativamente elevada, já o rendimento disponível pelos demais quintis revela ser baixo face ao apurado nos demais países da UE. Essa concentração do rendimento no grupo do topo da distribuição pode ser consubstanciada na comparação do rendimento total detido pelos 20% mais ricos face ao apurado para os 20% mais pobres (S80/S20): neste plano, verifica-se que Portugal é a par da Espanha o 4º país mais desigual da UE.

No Quadro 2 a distribuição de rendimento surge em decis e o indicador de desigualdade apresentado é o S90/S10. Em Portugal, os 10% mais ricos concentravam 28% do rendimento total, a percentagem mais elevada na UE-27. O seu rendimento era 10,3 vezes superior ao dos 10% mais pobres. No âmbito da UE-27, a Eslovénia era o país em que os 10% mais ricos detinham a percentagem mais baixa do rendimento disponível (19,3%) e em que a diferença entre o rendimento destes e o dos 10% mais pobres era menor (4,7).


O Quadro 3 apresenta as percentagens de rendimento que os 5% mais ricos auferiam em 2008, no total e por percentis. Considerando o total dos 5% mais ricos, Portugal era o país da UE-27 no qual o rendimento monetário detido por este grupo era proporcionalmente mais elevado: 18% do rendimento monetário total apurado para o país. Se se considerar o 1% do topo, Portugal surgia também em primeiro lugar, a par da Lituânia: 6,6% do rendimento monetário total. 


A Figura 1 apresenta, para 2003 e 2008, a distribuição do rendimento em Portugal por quintis. Pode constatar-se que os escalões inferiores viram as percentagens dos seus rendimentos aumentar, enquanto o quintil do topo conheceu uma diminuição nessa percentagem, ou seja, a porção do rendimento dos 20% mais ricos face ao rendimento total diminuiu entre 2003 e 2008 (de 45,0% para 43,2%).


Na Figura 2 é possível ver a distribuição do rendimento em Portugal em 2003 e 2008, desta vez por decis. Até ao decil 6 a porção do rendimento detido por estes grupos aumentou ligeiramente ao longo do período considerado. No nono e décimo decil o volume de rendimento relativo diminuiu, como tinha sido constatado na Figura 1.


A Figura 3 mostra a distribuição do rendimento em Portugal nos percentis 96, 97, 98, 99 e 1% mais ricos. Embora, como se viu, a percentagem do quintil do topo tenha diminuído, esta figura permite verificar que a porção do rendimento dos 1% mais ricos aumentou entre os anos em análise de 6,1% do rendimento total para 6,6%. 


http://observatorio-das-desigualdades.cies.iscte.pt/index.jsp?page=indicators&lang=pt&id=218

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