"O que se pretende são políticas colonialistas e é uma postura de ausência de solidariedade e de colonialismo puro", acusou Carvalho da Silva, depois de um encontro com Francisco Louçã, líder do Bloco de Esquerda, em Lisboa.
Para o responsável sindicalista, estas "posturas" defendem que os "ricos ainda sobrevivam num sistema de exploração desastroso à custa da exploração dos países mais pobres".
Carvalho da Silva sugeriu ainda a Ângela Merkel que seja "colocada em Portugal num trabalho precário e nas condições de emprego vividas pelos jovens".
O dirigente da CGTP recordou que actualmente para se atingir o "pleno da reforma" é necessário trabalhar, em Portugal, até "muito próximo dos 66 anos".
Quanto às férias, o sindicalista lembrou que na Alemanha o período pode ir até aos 30 dias e que a governante deveria ter comparado salários, horários de trabalho e as condições de vida entre portugueses e alemães.
A chanceler alemã afirmou terça-feira à noite, num comício da CDU, que as pessoas em países a Grécia, Espanha e Portugal "não devem poder ir para a reforma mais cedo do que na Alemanha".
No discurso aos apoiantes do seu partido, Merkel salientou que a ajuda alemã aos países do sul tem contrapartidas: "Não podemos simplesmente ser solidários e dizer que esses países podem continuar a agir como agiram até agora. A Alemanha está disposta a ajudar, mas só se os demais se esforçarem, e é preciso que demonstrem isso", disse.
Alemanha vai aumentar idade da reforma para 67 anos. Por determinação do Governo de Merkel a Alemanha irá, progressivamente, aumentar a idade da reforma de 65 para os 67 anos, entre 2012 e 2029.
Já no que respeita às férias, a lei garante aos alemães um mínimo de 20 dias por ano, no entanto, mercê de acordos colectivos, este período é mais alargado em muitas empresas, tanto no sector privado como no público, chegando a ultrapassar os 30 dias úteis.
Em Portugal os trabalhadores podem reformar-se aos 65 anos e o primeiro-ministro, José Sócrates, tem vindo a afirmar, por repetidas vezes, que não será necessário aumentar a idade devido às reformas que já foram adoptadas na segurança social.
Apesar de as palavras de Merkel se destinarem, ontem, claramente, ao seu eleitorado interno, a posição quanto às férias e à idade de reforma vem no seguimento das propostas que, há meses, foram apresentadas, em conjunto, pela Alemanha e pela França aos outros membros da União.
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