João Paulo Guerra
Não têm nome, o que faz muita confusão a quem tem a mania ou a necessidade de rotular tudo e todos, e então chamaram-lhe “geração à rasca”, o que não deixará de ter algum fundo de verdade.
Trata-se de uma geração sem saída, por mais formação que tenha, que não seja o trabalho precário, que há quando há, é mal pago e acaba de um momento para o outro. Trata-se também de uma geração descartável, que se emprega por três meses e se deita fora, porque mão-de-obra disponível é o que não falta neste mundo desregulado pela acumulação e pela ganância. É também uma geração traída, porque cresceu embalada pelas promessas demagógicas de uma casta de políticos rascas e à rasca, alapados ao poder que é o único sustento que encontram, a começar de pequeninos quando juntam as primeiras letras: "j o jo, t a ta, jota".
Mas não é em resposta ao apelo da verdade que a designação contém, lá no fundo, que lhe chamam "geração à rasca": é com um certo intuito pejorativo, colando-a ao rótulo de "geração rasca" que Vicente Jorge Silva chamou a outra coisa. Porque esta geração, a que podem dar as designações que bem entenderem para efeitos de notícias nos jornais ou de fichas nas polícias, começou a demonstrar que será tudo mas que não aceita ser uma geração perdida. E é por isso e contra isso que luta. E ao lutar ganha uma dimensão e uma dignidade muito distante e bem acima do folclore dos rótulos que lhes colem.
Alguns jovens desta geração manifestaram-se terça-feira, em Viseu, contra a precariedade e pelo direito ao trabalho, perante o secretário-geral do PS e primeiro-ministro. "Vão trabalhar", foi a reaccionária resposta que levaram de PS's locais, que de socialismo devem ter tão só o cartão e o emprego.
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