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12/03/2011

Dezenas de emigrantes protestaram em Barcelona entregando propostas de mudança

Foram 62 os emigrantes portugueses que se concentraram em frente ao Consulado Geral de Portugal em Barcelona. Com guarda-chuvas e cartazes, assinaram um abaixo-assinado com dezenas de propostas para serem entregues na Assembleia da República.

“Se não nos deixam sonhar, não os vamos deixar dormir”, estava escrito no cartaz afixado na porta do Consulado Geral de Portugal em Barcelona, onde estavam dezenas de jovens que à chuva iniciaram o protesto "Geração à rasca" à mesma hora que o português.
Querem demonstrar que estão solidários e que se preocupam com Portugal e os portugueses.
“Embora estando fora de Portugal muitos de nós não sentimos os mesmos problemas como a falta de trabalho, mas temos que demonstrar que nos preocupamos e que sentimos da mesma forma, somos portugueses, e queremos um Portugal melhor”, disse à Lusa Maria João Flôxo, administradora na rede social do protesto em Barcelona.
“Estou muito contente com a reação, está mau tempo mas as pessoas vieram, estão ativas e querem agir”, acrescentou.
A convocatória deste protesto foi realizada no Facebook, foram sete as cidades que participaram: Londres, Berlim, Haia, Madrid, Lubliana, Luxemburgo, Bruxelas, Maputo, Nova Iorque, Copenhaga e Estugarda.
Em Barcelona, no fim do protesto foram entregues ao Cônsul de Portugal dois envelopes que continham todas as cartas com as sugestões dos jovens para uma “necessária mudança”, que será enviado posteriormente para a Assembleia da República portuguesa.
Para Pedro Ferreira, que emigrou para Barcelona pela “falta de perspetivas de carreira” no seu país, considerou à Lusa que o 12 de março demonstra que Portugal está “vivo e que pode demonstrar na rua a sua consciência cívica”, porém, referiu que o importante será “o que vamos fazer cada um de nós no dia-a-dia a partir de agora”.
Para o jovem, Portugal é “bastante passivo” em relação ao “que é feito constantemente”, e é necessário redefinir o país em termos de “desenvolvimento sustentável”.
“No que respeita às questões sociais eu sugeri que acabassem com os recibos verdes e que redefinamos o plano estratégico para Portugal no que respeita ao posicionamento na Europa”, afirmou.
Elsa Afonso, profissional de saúde, sugeriu reformas no sistema da saúde a nível de salários, de formação profissional, as condições do sistema de saúde público e privada são para a jovem “basicamente economicistas e não são centradas na qualidade que o serviço presta”.
A jovem portuguesa sublinhou à Lusa que o mercado de trabalho não acompanha a evolução educativa e esse facto “è uma frustração a nível social”.
“Se não há dinheiro para pagar aos licenciados, não podem criar tantos cursos para licenciados. Quando se abrem cursos tem que haver uma resposta no mercado de trabalho”, salientou.
Para a organizadora do evento, Maria Joao Flôxo, este protesto pode ter “ativado” a comunidade portuguesa que vive em Barcelona.
“Ficamos a conhecer mais pessoas, a partir de agora podemos viver mais em comunidade e se isso acontecer, já é muito bom termos feito este protesto”, concluiu.
http://www.destak.pt/artigo/89937-dezenas-de-emigrantes-protestaram-em-barcelona-entregando-propostas-de-mudanca

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