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20/02/2011

Destruição dos sectores produtivos e aumento do desemprego

Eugénio Rosa

O INE acabou de divulgar dados sobre o PIB e o emprego em Portugal. E segundo eles, no 4º Trimestre de 2010 o PIB teve um crescimento negativo de -0,3%, ou seja, a produção deste Trimestre foi inferior à do Trimestre anterior em cerca de 500 milhões €. Por outras palavras, Portugal caminha rapidamente e de novo para recessão económica, agora mais prolongada devido à politica recessiva do governo. Só este é que continua a não perceber o que está acontecer e a necessidade de substituir a actual politica por uma que promova o crescimento e o emprego, reduzindo gradualmente o défice e não de uma forma abrupta como está a ser feito. Esta quebra na actividade económica tem sido acompanhada por uma elevada destruição de
emprego e, consequentemente, do aumento do desemprego. Após o inicio da crise em 2008 e até ao fim de 2010 foram destruídos em Portugal 239.400 postos de trabalho, ou seja, em média 219 empregos por dia.
Os sectores mais atingidos por esta destruição de emprego têm sido os sectores produtivos: a agricultura, as pescas e a industria. A provar isso está o facto que daqueles 239,4 mil postos de trabalho destruídos, 66,9 mil foram na Agricultura e Pescas, e 119,9 mil na Industria. No conjunto destes dois sectores foram destruídos 186,8 mil entre o fim de 2007 e o fim de 2010, o que representa 78% do total de emprego destruído neste período. E isto quando a Agricultura, Pescas e Indústria já só ocupam apenas 27,2% do emprego total, e são vitais para o aumento das exportações e substituição das importações, para assim reduzir o crescente endividamento do País, que é o problema mais grave que Portugal enfrenta neste momento.
Como consequência desta destruição maciça de postos de trabalho (só no 4º Trim.2010 foram destruídos 14,8 mil empregos, sendo 9,2 mil na Agricultura e Indústria, mas o Secretário de Estado do Emprego ainda teve a “lata” de vir dizer que a situação estava contida) o desemprego continua a aumentar. No 4º Trim. 2010, o desemprego oficial atingiu 619 mil portugueses, ou seja, uma taxa de desemprego oficial de 11,1%, mas o desemprego efectivo, que inclui também o subemprego visível (trabalhadores desempregados que fazem pequenos biscates para sobreviver que, por isso, não são considerados) e os inactivos disponíveis (trabalhadores desempregados que não procuraram emprego no período em que foi feito o inquérito do INE e que, por isso, não são incluídos no desemprego oficial); repetindo, o desemprego efectivo disparou para 768,8 mil, o que corresponde a uma taxa efectiva de desemprego de 13,8%. Enquanto o desemprego não pára de aumentar, os apoios do Estado aos desempregados continuam a diminuir. E isto porque o governo pretende reduzir o défice também à custa dos desempregados. Em Janeiro de 2010 estavam a receber subsidio de desemprego 360,2 mil desempregados mas em Dez.2010 já recebiam subsidio apenas 294,6 mil (menos 65,6 mil). Como o desemprego aumentou, a taxa de cobertura do subsidio de desemprego diminuiu, em relação ao desemprego oficial, de 63,9% para 47,5% e, em relação ao desemprego efectivo, de 51,2% para 38,2% . Portanto, actualmente só 38 em cada 100 desempregados é que estão a receber subsidio de desemprego. E a situação vai piorar em 2011 porque, por um lado, o desemprego vai continuar a aumentar devido à recessão económica e, por outro lado, o governo orçamentou menos 156,2 milhões de euros para pagar subsídios de desemprego este ano ( em 2010, foram gastos com o pagamento de subsídios de desemprego 2.247,9 milhões €, mas o governo inscreveu no Orçamento da Segurança Social para 2011 apenas 2.091,7 milhões €). - A DESTRUIÇÃO DA ECONOMIA PORTUGUESA CONTINUA A ATINGIR FUNDAMENTALMENTE OS SECTORES PRODUTIVOS 

http://www.eugeniorosa.com/Sites/eugeniorosa.com/Documentos/2011/12-2011-PIB-diminui-desemprego-aumenta.pdf

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