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25/02/2011

Entre 2000 e 20009 assistiu-se a um aumento progressivo do nível de escolaridade dos trabalhadores do sector privado, mas também do seu nível de precariedade contratual

O número de trabalhadores do sector privado com idade entre os 15-24 anos diminuiu progressivamente de 435,367 mil em 2000 para 281,538 mil em 2009. Esta tendência traduziu-se na diminuição do peso relativo da população desta faixa etária no total da população trabalhadora: de 16,5% em 2000 para 9,0% em 2009. No grupo etário dos 25-34 anos, o número de trabalhadores aumentou de 830,205 mil para 939,883 mil, mas o peso relativo deste grupo de trabalhadores passou de 31,4% no primeiro período considerado para 30,1% em 2009.
No Quadro 2 é possível observar que o número de homens é ao longo do período considerado sempre superior ao das mulheres. É interessante verificar que o peso proporcional das mulheres face ao dos homens neste período conheceu um aumento significativo, entre a população com idade entre os 25-34 anos: em 2000 representavam 85,0% do total de homens trabalhadores; em 2009 esse valor subiu para os 90,3%.
O Quadro 3 revela que existiu entre 2000 e 2009 uma diminuição de 36,5% do número de trabalhadores com idade entre 15-24 anos sem qualificação superior (de 409,866 mil para 260,141 mil), sendo que no grupo etário dos 25-34 essa diminuição foi bem menos acentuada. Esta tendência inverte-se relativamente ao universo da população jovem trabalhadora que concluiu o ensino superior. Apesar na diminuição do número de trabalhadores com idade entre os 15-24 anos entre 2000 e 2009, verifica-se que nesse período o número de jovens com este perfil escolar aumentou 18% (de 16,056 mil para 18,954 mil); na faixa etária dos 25-34 anos, por seu lado, assistiu-se a um aumento de 121,1% do número de trabalhadores com formação superior concluída (de 99,801 mil para 220,671 mil). Um outro indicador que ajuda a objectivar a tendência de qualificação da população jovem é o peso relativo dos trabalhadores com ensino superior face ao total da população trabalhadora de uma determinada faixa etária: em 2000 esse peso era de 3,9% e 14,0% na faixa etária dos 15-24 e 25-34 anos, respectivamente; em 2009 esses valores aumentam para 7,3% e 31,0%.
O Quadro 4 dá conta da diminuição do número de trabalhadores com idade entre os 15-24 anos em quase todas as categorias socioprofissionais individuais de classe[1], de acordo com a tendência geral enunciada no Quadro 1, a qual atinge os 44,6% na classe socioprofissional dos Operários. A excepção a esta regra é o aumento verificado na classe dos Assalariados Agrícolas.
Relativamente à informação apresentada no Quadro 5, de destacar o aumento dos trabalhadores com idade entre os 25-34 anos pertencentes à classe socioprofissional dos Profissionais e Técnicos de Enquadramento (PTE) e do seu peso relativo ao longo do período considerado: de 127,310 mil em 2000 para 212,818 mil trabalhadores em 2009, isto é, de 16,0% da população trabalhadora pertencente a esta faixa etária para 22,8%. Embora menos pronunciada, esta tendência observa-se também na classe socioprofissional dos Empregados Executivos (EE) e na dos Assalariados Agrícolas (AA). Tal como se verifica para os trabalhadores com idade entre os 15-24 anos, também neste grupo etário a diminuição do número de Operários no período em análise é bastante acentuada.
Os Quadros 6 e 7 apresentam informação respeitante à evolução dos vínculos laborais entre 2000 e 2009 e tal como os dados dos dois quadros anteriores devem ser analisados tendo em conta as tendências mais gerais ilustradas nos quadros 1 e 2. A primeira ideia a retirar da análise destes dois quadros é a de que o peso relativo dos vínculos laborais mais precários aumentou bastante, entre 2000 e 2009, nos dois grupos etários em causa. Os trabalhadores com idade entre os 15-24 anos que tinham em 2000 contratos a termo representavam 36,8% total dos trabalhadores desse grupo etário; em 2009 esse valor aumentou para os 50,7%. No caso dos trabalhadores com 25-34 anos esse aumento foi de mais de 13 pontos percentuais (dos 20,2% para os 33,6%). Esta tendência de precarização dos vínculos laborais pode também ser lida tendo em linha de conta a evolução do peso relativo dos contratos sem termo. Na faixa etária dos 15-24 passou de 53,4% para 40,8%; no outro grupo etário, dos 70,7% para os 61,9%.
Estes dados demonstram uma segunda tendência: o facto de a precariedade dos vínculos laborais ser mais acentuada no grupo etário mais novo.
Nota metodológica: [1] O Indicador Socioprofissional Individual de Classe é uma variável construída a partir das variáveis “Profissão” e “Situação profissional”, tendo como base a tipologia ACM (Almeida, Costa e Machado).
Nem todos os casos (trabalhadores) constantes na base de dados têm informação para todas as variáveis analisadas neste texto. Por isso, o cruzamento de variáveis pode dar origem a totais diferentes devido aos missing values das mesmas.

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