O secretário-geral da CGTP defendeu hoje na Universidade de Primavera promovida pelo Bloco de Esquerda que Portugal deve abandonar a sua atitude de submissão à União Europeia e encontrar uma estratégia de desenvolvimento própria.
"A postura de aluno da União Europeia deve ser abandonada", afirmou Manuel Carvalho da Silva, em Ovar, considerando que "Portugal precisa agir de acordo com os seus interesses na União, mas tem que tratar das suas próprias capacidades e desafios de desenvolvimento". "Cedência e submissão aos poderes dominantes são não passíveis de criar soluções para os problemas do país", acrescentou. O convidado do Bloco de Esquerda considerou ainda que "Portugal precisa de cuidar da sua rede de relações com países terceiros" no que se refere não apenas aos benefícios que as boas práticas externas representariam para o exercício nacional do Estado Social, mas também à revitalização do papel dos sindicatos, cuja cooperação internacional garantiria a confluência de estratégias relativas à defesa dos trabalhadores das diferentes regiões da Europa.
"Não há Estado Social sem garantia de compromissos de capital do trabalho", declarou Carvalho da Silva, referindo que é preciso debater "o conceito de universalidade, porque o grande confronto é entre os direitos sociais universais e os direitos privados". Para Carvalho da Silva, se antes "a precariedade era um problema profundamente laboral", agora tem implicações a vários outros níveis, pelo que "já não é possível encontrar soluções para o problema apenas no espaço de trabalho". Uma medida a adoptar, disse, será o reforço da sindicalização na banca e nas estruturas do sistema financeiro e outra coisa a fazer é "a recentragem das autarquias locais". "Não sei até que ponto haverá condições para se avançar rapidamente", explicou o responsável da CGTP, "mas a solução passa por dinâmicas de desenvolvimento que se aproximem das pessoas comuns".
Do que Carvalho da Silva diz ter a certeza é que "atribuir a todos os vínculos ou pseudo-vínculos de trabalho a mesma validade jurídica é a negação total da dignidade do trabalho", o que o leva a acreditar que "o capitalismo pode levar uma grande pancada num prazo não muito longo". "Desde o século XIX, nunca houve uma efervescência tão grande como esta que se está a desenvolver agora", disse o secretário-geral da CGTP. "O roubo legal é hoje quantas vezes maior do que o roubo ilegal, não conseguimos travar o processo de agiotagem em que estamos metidos e isto não é possível continuar assim", referiu.
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