Entre 2000 e 2009 assistiu-se a um aumento da remuneração média dos trabalhadores do sector privado em Portugal com idade até aos 34 anos. No entanto, variáveis como o nível de habilitações e a idade reflectem-se em diferenças significativas no valor dessas remunerações.
Considerando os jovens trabalhadores portugueses de acordo com dois escalões etários (15-24 anos e 25-34 anos), a Figura 1 permite observar como, por um lado, essa diferenciação etária e, por outro, o nível de habilitações, se traduzem em diferentes níveis de remuneração média. Assim, os trabalhadores com ensino superior e com idade entre os 25 e os 34 anos são os que auferem as remunerações mais elevadas (1.155 Euros em 2000 e 1.233 Euros em 2009). Pelo contrário, os trabalhadores mais jovens (15-24 anos) e sem habilitações de nível superior apresentam as remunerações médias mais baixas (405 Euros em 2000 e 537 Euros em 2009).
Se a esta informação se acrescentar a variável sexo (Quadro 1), observa-se que as mulheres auferem sempre remunerações médias inferiores às dos homens com um perfil etário e habilitacional equivalente. Em 2009, a remuneração média mais elevada no grupo dos jovens trabalhadores é a dos indivíduos do sexo masculino com idade entre os 25 e os 34 anos e habilitações superiores (1.375 Euros). Uma mulher dentro do mesmo escalão etário e com um nível de habilitações equivalente auferia 1.137 Euros. Nesta perspectiva, são as trabalhadoras mais jovens (15-24 anos) e com menos habilitações que apresentam as remunerações médias mais baixas de entre todos os trabalhadores considerados: 504 Euros.
Quanto à remuneração de acordo com o vínculo laboral que os jovens trabalhadores têm com as entidades empregadoras, no Quadro 2 podemos constatar que não é este que introduz a maior disparidade de remunerações entre os trabalhadores. Embora, de uma forma geral, os contratados sem termo (sobretudo com habilitações de nível superior) tenham remunerações médias superiores à dos contratados temporários com o mesmo perfil, são principalmente as habilitações escolares que introduzem a maior diferenciação nos níveis médios de remuneração.
As figuras 2 e 3 apresentam, em termos percentuais, as diferenças de remuneração entre os jovens trabalhadores que concluíram o ensino superior e aqueles que não atingiram esse nível de ensino, por tipo de vínculo laboral. Na Figura 2 os valores referem-se aos trabalhadores com contrato sem termo. Como se pode ver, os que não concluíram o ensino superior auferem cerca de 50% da remuneração média dos trabalhadores que o fizeram. São sobretudo os trabalhadores que têm entre 25 e 34 anos sem formação superior que apresentam remunerações médias mais distantes das verificadas entre os que concluíram esse nível de ensino. Entre 2000 e 2009, estas diferenças de remunerações diminuíram nas duas categorias etárias em análise.
No que se refere aos trabalhadores com contratos temporários (Figura 3), existe também uma disparidade considerável entre as remunerações dos trabalhadores sem formação superior relativamente às dos que concluíram esse nível de ensino, mas as diferenças são menos expressivas face ao verificado entre os trabalhadores com contratados sem termo. Também aqui se observa que é na categoria etária dos 25 e 34 anos que a diferença remuneratória dos trabalhadores sem formação superior face à dos que concluíram o ensino superior é mais ampla. 2009 é o ano em que a remuneração média dos jovens com idade entre os 15 e os 24 anos sem formação superior mais se aproxima das remunerações médias dos que concluíram esse nível de ensino (63%).
O Quadro 3 completa a informação das médias remuneratórias dos trabalhadores segundo o sexo, o tipo de contrato, a idade e o nível de habilitações escolares, com o valor do desvio-padrão dessas mesmas remunerações.
| Nota metodológica: Dados não disponíveis para o ano 2001. |
| http://observatorio-das-desigualdades.cies.iscte.pt/index.jsp?page=indicators&lang=pt&id=206 |
Sem comentários:
Enviar um comentário