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21/02/2011

Aí está de novo a recessão!

Honório Novo

José Sócrates e mais sete ministros andaram por aí numa espécie de campanha eleitoral antes do tempo. Sócrates sabe que o país e o povo lhe apontam o dedo e à danada política que traça com o sustento de toda a direita parlamentar. Por isso, antes que seja tarde, o Governo saiu à rua mesmo sem eleições com data marcada, assentando arraiais em Trás-os-Montes. E, como é timbre de acções de "caça ao voto", o séquito governamental fartou-se de lançar "primeiras pedras" e de visitar obras que só estarão prontas... no final de 2012! Obras, aliás, muito prometidas e adiadas, e que (da auto-estrada às hidroeléctricas) deveriam estar já há muito a servir os transmontanos e a economia nacional.
Com este governo itinerante, Sócrates procurou de novo distrair as atenções da realidade: o desemprego a ultrapassar 11%, estilhaçando as previsões do Governo, e a perspectiva do país estar na antecâmara de um novo ciclo recessivo, com a riqueza produzida a diminuir no final de 2010. O que mais espanta são as reacções de alguns face à perspectiva do país entrar de novo em recessão. [Ao contrário do que diz o actual governador do Banco de Portugal, a recessão não é uma "contrapartida" da austeridade, é antes - como dizemos há muito - uma consequência inevitável da austeridade imposta ao país e à esmagadora maioria dos portugueses que trabalham].
Não podem assobiar para o ar os responsáveis por uma nova recessão: é a falta de investimento, o corte na procura interna (diminuição de salários, reformas e prestações sociais, aumento injusto da carga fiscal) e a ausência de políticas de substituição de importações por produção própria, que nos conduzem à recessão.
Mais, os responsáveis têm nome: são quem aprovou e suporta esta austeridade sem saída.

http://www.jn.pt/Opiniao/default.aspx?content_id=1789048&opiniao=Hon%F3rio%20Novo

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