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29/11/2010

Portugal deverá ter em 2011 recessão de 1% do PIB e desemprego de 11%

A Comissão Europeia prevê que Portugal cresça 1,3% este ano e volte a entrar em recessão em 2011, ano em que a economia terá uma contração de 1%, sendo a previsão mais pessimista que a do Governo. A Comissão Europeia reviu também em alta as previsões da taxa de desemprego em Portugal para 2011 e 2012, de 11,1% e 11,2% respetivamente, valores mais próximos das previsões da OCDE do que das do Governo.

Bruxelas, nas suas "previsões de outono" divulgadas hoje, revê em alta as previsões anteriores, da "primavera", lançadas em maio passado, que antecipava uma taxa de desemprego de 9,9% tanto este ano (agora prevê que 2010 "feche" com 10,5%), como para 2011.

Estas previsões indicam que em 2011 todas as economias europeias, com a exceção da portuguesa e da grega, já terão saído de uma situação de recessão.

Bruxelas prevê que depois de a economia portuguesa ter crescido no primeiro trimestre do corrente ano 1,1% e no segundo e terceiro 0,3% terá uma contração no quarto trimestre de 1,4%, assim como de 0,2% nos dois primeiros trimestres de 2011.

O executivo comunitário estima que a economia portuguesa, medida através do Produto Interno Bruto, evolua da contração em 2009 de 2,6%, para um crescimento em 2010 de 1,3%, uma contração em 2011 de 1,% e um regresso ao crescimento em 2012 com 0,8% (cenário de políticas inalteradas).

Por seu lado, Lisboa acredita que pode acabar o ano que vem com um ligeiro crescimento de 0,2%.

Nas previsões anteriores, as da primavera, feitas em 5 de maio último, Bruxelas esperava um crescimento da economia portuguesa de 0,5% este ano e de 0,7% no próximo.

IVA, prestações sociais e submarinos explicam trajectória

Bruxelas explica que a trajetória do crescimento em 2010 foi influenciada pela forte atividade económica verificada no primeiro semestre do ano e que a descida subsquente do PIB no segundo semestre se deve ao impacto a partir de julho do aumento do IVA (Imposto sobre o Valor Acrescentado) e dos cortes nas transferências sociais.

A Comissão Europeia também assinala que os dados de várias rubricas do PIB em 2010 e 2011 estão "distorcidos" devido à importação de dois submarinos em 2010, o que aumenta o consumo público mas não o PIB agregado.

Bruxelas considera que a retoma da economia europeia (27 Estados-membros) continua a ganhar forma, com a projeção de um crescimento de 1,% em 2011 e de dois por cento em 2012, mas admite desequilíbrios entre países.

Relativamente às "Previsões da Primavera", divulgadas em maio passado, Bruxelas revê em alta o crescimento para este ano, apontando que "excedeu as expetativas", sobretudo no segundo semestre, devendo situar-se nos 1,8% no conjunto da União (a previsão anterior apontava para 1,7%).

A Comissão Europeia publica previsões económicas quatro vezes por ano: estimativas completas na primavera e no outono e mais dois exercícios intercalares apenas para o PIB e a inflação das sete maiores economias europeias.

As previsões do outono cobrem três anos, 2010 (estimativas), 2011 (previsões) e 2012 (cenário de políticas inalteradas), no que se refere ao PIB, à inflação, ao desemprego e às finanças públicas, entre outros indicadores.

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