À procura de textos e pretextos, e dos seus contextos.

02/04/2010

Geografia do trabalho no Brasil

Alexandre Gori Maia

Este trabalho propõe-se a analisar a configuração territorial do mercado do trabalho no Brasil a partir da distribuição das estruturas ocupacionais de seus municípios. A idéia principal é que a estrutura ocupacional, uma conjugação entre a forma de inserção no mercado de trabalho (classe ocupacional) e a faixa de rendimento do trabalho principal (estrato econômico), cumpre um importante papel na análise do estágio de desenvolvimento socioeconômico dos municípios e das extremas desigualdades do território brasileiro. A ocupação do indivíduo no mercado de trabalho define sua classe ocupacional, cuja identificação é dada em função do poder político, prestígio social e possibilidade de geração de renda de sua ocupação. Considerando as extremas diferenças distributivas no Brasil, mesmo entre integrantes de classes ocupacionais relativamente homogêneas, define-se ainda um segundo critério de classificação, o estrato econômico, a partir de faixas de rendimento do trabalho principal. As análises baseiam-se em informações da base de microdados do Censo Demográfico 2000, técnicas estatísticas multivariadas de análise de correspondência e cluster, e na distribuição territorial dos grupos municipais em um mapa coroplético. Embora a classificação obtida não permita quantificar as relações entre os municípios brasileiros, permite identificar uma clara hierarquia de desenvolvimento socioeconômico entre os grupos municipais. De maneira geral, identifica-se que a grande maioria dos municípios brasileiros apresenta um baixo padrão de desenvolvimento socioeconômico, com predomínio das atividades agrícolas e uma massa expressiva de trabalhadores mal remunerados. Os poucos municípios urbanos desenvolvidos concentram a maior parte da população brasileira e, embora apresentem uma maior participação relativa de ocupados nos estratos econômicos mais elevados, acabam concentrando grande parte de excluídos do país. A área mais contígua de municípios mais desenvolvidos ocorre próxima aos dois principais estados brasileiros, São Paulo e Rio de Janeiro, além de importantes bolsões de desenvolvimento próximos à faixa litorânea. Os municípios rurais menos desenvolvidos, por sua vez, predominam nas áreas do semi-áridas do país, na floresta amazônica e na tríplice fronteira com os países do Mercosul. - Texto

Alexandre Gori Maia, « Geografia do trabalho no Brasil », Confins [Online], 6 | 2009, posto online em 27 juin 2009, Consultado o 02 avril 2010. URL : http://confins.revues.org/index5950.html

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