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01/03/2010

CTT: sindicato acusa subcontratação de degradar qualidade da distribuição postal

A “degradação” do serviço de distribuição dos correios é atribuída pelo sindicato do sector à subcontratação de trabalhadores externos que chegam a “envergonhar” a classe, mas a empresa garante que os critérios de exigência são os mesmos.

A forma como o correio é distribuído motivou, no ano passado, 4899 queixas contra os carteiros, existindo ainda reclamações no Provedor dos Correios, no regulador do sector (Anacom) e na Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (Deco).

O volume de queixas não surpreende o Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações, que, segundo o dirigente Eduardo Rita Andrade, há anos vem alertando para a “degradação” de algum trabalho.

Em declarações à agência Lusa, Eduardo Rita Andrade afirma que estas situações são mais significativas quando a correspondência – “nomeadamente a empresarial” – é distribuída por pessoas que são subcontratadas pelos Correios.

“Há pessoas a distribuir cartas sem qualquer formação, pois apesar de a empresa exigir o 12.º ano de escolaridade, contratualiza com distribuidores que podem pôr ao seu serviço pessoas que até podem nem saber ler ou fazê-lo mal”, disse.

Erros podem levar a cortes de serviços básicos

O resultado é, segundo o dirigente sindical, erros que podem prejudicar os cidadãos, como o corte de abastecimento de água, luz ou telefone por falta de pagamento, uma vez que a conta é extraviada, e até chegou a haver “artérias inteiras em Lisboa com a correspondência trocada”.

Estas deficiências envergonham os carteiros, como Eduardo Rita Andrade, que muitas vezes é insultado por moradores revoltados com a forma como o correio é tratado, embora tal seja responsabilidade dos distribuidores. Estes distribuidores ostentam o símbolo da empresa, embora não a farda completa de carteiro, especificou.

Confrontada com esta situação, a empresa esclareceu que “a quase totalidade” das pessoas que fazem a distribuição de correspondência “são do quadro dos CTT (cerca de 7000)”, alguns “são contratados” e “uma percentagem muito baixa (260) são parceiros dos CTT (alguns públicos, caso das juntas de freguesia, outros privados)”.

Sobre a distribuição feita por parceiros, os CTT sublinham que “a responsabilidade do serviço é sempre” da empresa.

Subcontratação mais significativa em zonas menos povoadas

A subcontratação é mais significativa em “zonas menos densamente povoadas”, mas o processo de selecção “tem em conta que sejam pessoas idóneas, das localidades que irão servir, conhecidas da população e com bom conhecimento da toponímia”.

A empresa garante que estes distribuidores “são sujeitos a formação profissional específica, são acompanhados periodicamente por carteiros experientes, sujeitos a visitas de supervisão sem aviso, a inquéritos de satisfação junto da população feitos por um departamento específico dos CTT e podem, se falharem, deixar de prestar o serviço”.

“São, portanto, sujeitos a critérios de exigência em nada diferentes daqueles a que os carteiros (do quadro ou contratados) são também sujeitos”, acrescenta a mesma fonte oficial.

Segundo os CTT, o peso do correio distribuído por estes parceiros é relativamente reduzido: 380 mil cartas, num universo de 5,9 milhões de cartas entregues em média todos os dias.

http://economia.publico.pt/noticia.aspx?id=1424885

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