Centenas de manifestantes corresponderam esta manhã à chamada dos sindicatos e tomaram de assalto o edifício do Ministério grego das Finanças. Os protestos contra as dramáticas medidas de austeridade ontem anunciadas pelo Governo levaram também ao bloqueio de uma das principais artérias do centro de Atenas, onde a manhã está a ser marcada por filas de trânsito ainda mais caóticas.
Este é o cenário descrito por várias agências noticiosas internacionais que cifram entre duas e três centenas o número de manifestantes que está a cercar o Ministério das Finanças, na sequência do apelo lançado pelo PAME, a central sindical afecta ao partido comunista grego.
Alguns manifestantes terão conseguido chegar ao topo do edifício, de onde estão a apelar a uma mobilização geral dos gregos, em antecipação da greve da função pública convocada para amanhã e da greve geral agendada para meados deste mês.
Pressionado pelos mercados financeiros e pelos parceiros da Zona Euro, o Governo grego avançou ontem com um segundo reforço do plano de combate ao défice, aprovado há apenas um mês. Atenas diz não ter opção: ou segue o rumo da austeridade ou caminha para a “catástrofe”.
O novo pacote está cifrado em 4,8 mil milhões de euros, repartidos em partes iguais por mais cortes de despesa e mais carga fiscal, e acresce às poupanças de cinco mil milhões anunciadas há escassas semanas, logo após a apresentação do Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) – documento que todos os países europeus têm de entregar anualmente a Bruxelas, sendo Portugal um dos cinco países que ainda não o fez, prometendo o Governo apresentá-lo neste sábado.
Atenas está obrigada a apresentar resultados e tem de mostrar que está a levar a sério a promessa de que baixará o défice de 12,7% em 2009 para 8,7% do PIB no final deste.
A caminho está a subida da taxa do IVA, de 19% para 21%, um segundo agravamento dos impostos sobre álcool, tabaco e bens de luxo, o congelamento das pensões dos antigos funcionários do Estado e o corte de um salário na Função Pública, através da redução, em 30%, dos pagamentos extraordinários que normalmente são feitos no Natal, na Páscoa e nas férias.
Aplausos vindos de fora
Os mercados financeiros e as principais organizações internacionais, como a UE e o FMI, aplaudiram a audácia do Governo. Ainda ontem, o "spread" da dívida pública grega desceu para o nível mais baixo desde 11 de Fevereiro e os juros das obrigações a 10 anos ficou aquém dos 6%, quando já chegou a rondar os 7%.
São sinais que revelam uma menor desconfiança dos investidores, mas que não chegam para afastar o cenário de a Grécia ter de ser socorrida pela comunidade internacional, caso não consiga angariar no mercado os mais de 20 mil milhões de euros de que precisa para honrar, no muito curto prazo, dívidas passadas.
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