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05/03/2010

CGTP considera que corte de salários seria "erro absoluto"

A CGTP considerou hoje, sexta-feira, que será "um erro absoluto" se o Governo optar por uma política de redução de salários nas medidas a incluir no Programa de Estabilidade e Crescimento que irá aprovar no Sábado.

"Não há em Portugal condições, seria um erro absoluto, haver uma política de contenção salarial e de redução dos salários reais quer na administração pública quer no sector privado", disse o secretário geral da CGTP, Carvalho da Silva ao apresentar um documento entregue ao Governo pela central sindical, que pretende ser um contributo ainda a tempo de ser incluído na aprovação da actualização do PEC.

O PEC deverá ser aprovado no sábado num conselho de ministros extraordinário.

Para Carvalho da Silva, nos necessários exercícios de redução de despesas, "não pode ser dada prioridade ao corte de salários".

"O que há a cortar é nos milhões e milhões que se gastam com parcerias que não têm transparência e que permitem a sectores privados usarem o dinheiro como entendem, os milhões e milhões que são gastos nos desvios dos orçamentos das obras e dos contratos e aquilo que se gasta no alimentar de clientelas de prestação de serviços diversos ao Estado, que só o ano passado levou cerca de mil milhões de euros", afirmou o dirigente sindical.

Carvalho da Silva defendeu que "o Programa de Estabilidade e Crescimento que o Governo está a desenvolver tem de dar prioridade ao desenvolvimento, não pode ser estruturado numa sujeição aos objectivos financeiristas".

Entre as posições "fundamentais" que a CGTP apresentou ao governo está também o imperativo do combate à fraude e evasão fiscais.

"Há muita gente que a pretexto da crise deixou de contribuir para o orçamento de estado. Não é justo e não pode continuar a situação em que cada um de nós com o seu trabalho, por cada euro que ganha paga imposto e a riqueza que por aí circula e que é a maioria, obtida na especulação, obtida na acumulação de bens mobiliários não pagam impostos", disse Carvalho da Silva.

"Perguntamos se é menos digno o euro que se ganha com o trabalho do que o euro que se ganha na especulação e em outras formas de apropriação de riqueza", adiantou.

O documento preparado pela CGTP sobre o PEC refere que a economia paralela custa ao Estado 14 mil milhões de euros por ano.

http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Nacional/Interior.aspx?content_id=1511949

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