A produção da Oliva entra segunda-feira em suspensão integral e os 184 operários da empresa vão concentrar-se a partir das 08:00 à entrada da fábrica para reivindicar os salários em atraso e apelar a soluções alternativas.
David Soares, da comissão de trabalhadores da metalúrgica de S. João da Madeira, refere que segunda era o dia em que o pessoal da empresa previa regressar ao trabalho a tempo inteiro, pelo que a decisão da Oliva "apanhou toda a gente de surpresa e deixou todos desanimados".
Estando a suspensão da produção anunciada até final de Fevereiro, isso significa também que a empresa se manterá inactiva até à data de realização da sua assembleia de credores, marcada para o próximo dia 26.
Para David Soares, esta suspensão "não é um bom sinal para os credores". A administração da Oliva terá justificado a medida alegando "o corte da energia eléctrica e a falta de dinheiro para comprar material", mas o porta-voz dos trabalhadores da metalúrgica defende que deveria encontrar-se "uma alternativa porque a empresa continua a ter encomendas".
"Se há clientes que estão a pedir a devolução dos moldes", observa, "é só porque não estão a receber as encomendas e têm que as mandar fazer noutro lado".
Na concentração de segunda-feira, o objectivo dos trabalhadores da Oliva não é, contudo, reivindicar apenas os subsídios de Natal que têm em atraso e os 50 por cento do salário de Janeiro que ainda têm a receber - valores esses, aliás, para cujo pagamento "a administração da empresa não dá data nenhuma", realça David Soares.
"Vamo-nos concentrar com o intuito de também ir à Autoridade para as Condições de Trabalho", adianta este operário. "Não queremos ser apelidados de arruaceiros nem nada do género, mas, afinal, o que está aqui em causa é uma ilegalidade e alguém tem que defender os nossos direitos".
A Oliva - Soluções de Fundição S.A. emprega actualmente 184 funcionários, a maioria dos quais foram abrangidos pela suspensão temporária de trabalho que vigorou na empresa entre maio e Outubro
Em Setembro, a metalúrgica iniciou o seu processo de insolvência e em Outubro viu terminar o prazo de recuperação definido pelo Grupo Suberus, que a adquiriu em 2004 a preço especial, na condição de não a encerrar nos cinco anos seguintes.
Hoje, a Oliva tem dívidas acumuladas no valor de quase oito milhões de euros.
Os seus principais credores são a empresa de químicos Urpol, à qual deve 624 mil euros, e a Segurança Social, com a qual tem em falta 550 mil. Aos funcionários da casa, a Oliva terá que pagar, em caso de encerramento, cinco milhões de euros em direitos.
http://dn.sapo.pt/inicio/economia/interior.aspx?content_id=1489118
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