Protesto convocado pela Delegação Nacional de Associações de Estudantes dos Ensinos Básico e Secundário mobilizou perto de quatro mil alunos em cidades como Viseu, Faro, Coimbra, Porto e Lisboa.
foto TIAGO PETINGA/LUSA |
Manifestação de estudantes em Lisboa |
O protesto foi convocado pela Delegação Nacional de Associações de Estudantes dos Ensinos Básico e Secundário (DNAEEBS), após uma reunião com a tutela, realizada no mês passado.
Em Lisboa, em frente do Ministério da Educação, estiveram cerca de 400 alunos para contestar a política educativa do Governo.
Oriundos de cerca de 10 escolas, os estudantes chegaram gritando palavras de ordem como "mais do mesmo não" e "a luta continua, os alunos estão na rua", em protesto contra o estatuto do aluno, o regime faltas, as más condições dos estabelecimentos de ensino e exigindo a tão prometida educação sexual.
Os estudantes concentraram-se na praça do Saldanha, dirigindo-se depois para o Ministério da Educação em manifestação.
Em Almada, onde os protestos estudantis têm habitualmente grande adesão, cerca de mil alunos reuniram-se frente aos Paços do Concelho, levando o vereador da Educação, António Matos (CDU), a considerar tratar-se de "uma das maiores concentrações ocorridas nas últimas manifestações".
Os "ataques à liberdade individual", o fim dos exames nacionais, a falta de condições físicas das escolas e a aplicação da educação sexual foram razões que levaram cerca de 200 alunos a manifestarem-se na baixa do Porto.
O ponto de encontro foi em frente à Câmara Municipal e, entre as habituais palavras de ordem contra o Governo e o Ministério da Educação, também houve quem admitisse algumas medidas positivas.
Rita Macedo, 24 anos, a frequentar o 12º ano, disse que há uns anos teve de interromper os estudos devido a questões financeiras. "Voltei graças aos cursos profissionais que são uma grande ajuda. Pagam-nos a deslocação e a alimentação. Foi uma óptima medida do Governo", referiu.
Ainda assim, decidiu participar na manifestação. Disse estar "contra os exames nacionais", defendeu a efectiva aplicação da educação sexual – “tenho na minha escola uma aluna de 16 anos que já tem um filho com um ano” – e por melhores condições na escola - "caiu recentemente uma árvore, graças a Deus que não estava lá ninguém”.
Nicole Santos, 17 anos, uma das porta-vozes do protesto no Porto, denunciou uma alegada tentativa do Ministério da Educação de boicotar o protesto.
"Soubemos que, através da DREN, ordenaram aos professores e auxiliares para irem uma hora mais cedo para as escolas para tentar impedir o trabalho dos piquetes", disse.
Denunciou ainda os "ataques à liberdade individual", referindo casos de alunos que estão a ser alvo de processos judiciais por terem participado em anteriores manifestações e a existência de escolas que tentam boicotar reuniões gerais de alunos.
foto TIAGO PETINGA/LUSA |
Protesto nacional mobilizou milhares de estudantes |
No distrito de Coimbra, os portões da Secundária de Arganil encontravam-se fechados a cadeado ao início da manhã, sendo reabertos cerca das 08:30h pelos bombeiros, segundo fonte da GNR. Na altura, algumas dezenas de estudantes manifestavam-se pacificamente à entrada da escola.
Na cidade de Coimbra, cerca de uma centena de estudantes manifestaram-se na Praça 08 de Maio, de onde desfilaram até ao Governo Civil. O presidente da Associação de Estudantes da Secundária Avelar Brotero lamentou que na sua escola, actualmente em obras, existam apenas quatro casas de banho para mais de dois mil alunos.
Cerca de 300 alunos da Secundária de Seia fecharam a escola a cadeado e manifestaram-se no centro da cidade, tendo sido recebidos pelo presidente da Câmara, disse Francisco Cruz, da asssociação de estudantes.
Em Santarém, alunos da Escola Secundária Dr. Ginestal Machado faltaram à primeira aula da manhã, respondendo ao apelo do grupo de alunos que se concentrou frente ao estabelecimento de ensino.
Depois, os estudantes rumaram até ao Governo Civil, acompanhados por elementos da PSP, onde entregaram as reivindicações que motivam o protesto.
Entre as reivindicações dos estudantes estão a exigência de alteração do estatuto do aluno, acesso a manuais escolares gratuitos, igualdade entre os cursos profissionais, que são subsidiados, e os científicos e humanísticos, declarando-se ainda contra a "privatização" do ensino.
Também em Viseu, a chuva não impediu que cerca de 700 alunos saíssem à rua, envergando faixas negras onde se podia ler "Ensino gratuito? com manuais a 30 euros" ou "(J)aulas de substituição".
Os alunos das três escolas secundárias de Viseu e ainda da Escola Básica 2/3 Grão Vasco concentraram-se no Rossio, seguindo até ao Governo Civil, onde se fizeram ouvir alguns gritos de ordem apelando à avaliação contínua.
Ao Governador Civil de Viseu, os representantes dos estudantes levaram um caderno reivindicativo que será entregue à ministra da Educação.
O porta-voz dos estudantes, André Mateus, considerou que a mobilização foi "fantástica" e adiantou que os alunos não irão hoje às aulas.
Os alunos da Escola Secundária Jaime Magalhães Lima, em Aveiro, fecharam a cadeado os portões de entrada do edifício. "A direcção da escola veio com uma serra eléctrica abrir os portões", disse Inês Miranda, da direcção da associação de estudantes.
Segundo a aluna, o protesto juntou à porta da escola mais de uma centena de alunos que empunhavam cartazes e faixas a anunciar o "dia de luta nacional" para os estudantes do ensino básico e secundário.
Em Aveiro, estava previsto os estudantes das quatro escolas secundárias concentrarem-se à porta de cada um dos estabelecimentos de ensino e depois seguirem em marcha até ao Governo Civil, o que acabou por não se concretizar, devido à fraca adesão dos alunos.
Perto de 300 alunos de Évora, pertencentes a três escolas secundárias, manifestaram-se pelas ruas da cidade, sempre sob olhar atento dos elementos da PSP, e dirigiram-se ao Governo Civil, onde entregaram um documento com as reivindicações.
Em Faro, cerca de 300 alunos concentraram-se frente ao Governo Civil para mostrar o seu descontentamento com o novo estatuto do aluno.
"Alunos unidos jamais serão vencidos" e "Piu piu piu a ministra já caiu" eram algumas das palavras de ordem gritadas pelos alunos, sob escolta da polícia.
Os alunos do ensino básico e secundário de Ponta Delgada manifestaram-se em defesa de um Estatuto do Aluno "mais justo nos Açores", num protesto que reuniu mais de um milhar de estudantes.
Os jovens concentraram-se junto ao Palácio de Santana, onde funciona a Presidência do Governo Regional, seguindo depois até ao centro da cidade, passando pelo Palácio da Conceição e pelos Paços do Concelho, empunhando cartazes e gritando palavras de ordem, como "Alunos unidos jamais serão vencidos".
"A educação é toda a mesma, pelo que os Açores deviam ter uma igual à do continente", afirmou um dos manifestantes, numa alusão ao facto do Estatuto do Aluno no arquipélago apresentar algumas diferenças relativamente ao do continente.
http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Nacional/Interior.aspx?content_id=1486534
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