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25/12/2009

Solidariedade trilha "ruas da amargura"

Crise aperta 'cordões à bolsa' e isso reflecte-se no trabalho das associações de solidariedade.

Sentimentos tão nobres como a partilha ou caridade não escaparam este ano à onda de crise. Que o digam as associações de solidariedade social que assistiram a uma machadada na sua fonte de sobrevivência: os donativos.

S. Pedro da Cova, Fânzeres e Campanhã. O que têm em comum estas três freguesias do Grande Porto? Um elevado crescimento dos pedidos de ajuda, por parte da população mais carenciada, à Legião da Boa Vontade (LBV). Em contrapartida, a instituição viu diminuir de forma drástica as contribuições, principalmente de empresas que a crise conseguiu afastar do habitual caminho da caridade.

Uma conjuntura que, ainda assim, não impediu a LBV de reforçar o seu voluntariado. "Houve ajuda individual mas mais empresas deixaram de contribuir, sem explicar o motivo", adiantou, ao JN, Eduarda Pereira, porta-voz da LBV, onde se recorreu à frequente engenharia financeira destas instituições para duplicar, em relação a 2008, o número de cabazes de Natal.

O cenário é diferente em organizações maiores? Não. O trabalho em prole das populações diminui? Como é obvio. A Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) é um desses exemplos a quem a crise diminuiu a acção e obrigou a repensar as linhas orientadoras.

"Reduzimos a nossa solidariedade, o que é de lamentar. Tentamos sempre patrocínios mas as empresas têm que reduzir as ajudas. Este ano, não vamos fazer nenhuma iniciativa especial", reconheceu Otília Novais, da Delegação da CBV do Porto. Em suma: "A crise obrigou a que a racionalidade ficasse acima da emocionalidade e do calor próprio da época", frisa.

Desçamos a Sul. Setúbal, cidade onde, desde os anos 80 (do século XX), a crise bate mais cedo à porta e teima em deixar rasto profundo. Aí, as Cáritas Diocesanas tiveram mais pedidos de ajuda. Porém, aos seus próprios pedidos de donativos não ocorreu a melhor reacção. "É normal. Os empresários cortaram naquilo que lhes parece mais obvio, explicou Isabel Monteiro, daquela instituição humanitária ligada à Igreja Católica, salientando que "a sociedade civil reforçou o seu apoio". Aliás, o Banco Alimentar é talvez a organização que mais beneficia deste último aumento [ler texto na caixa ao lado].

No caso da Assistência Médica Internacional (AMI) apenas as empresas faltaram ao seu apelo, já que os peditórios ao cidadão comum resultaram num aumento, superando as expectativas. "Retracção há mas apenas do lado das empresas. Mas há que contrariar esta tendência", disse Manuel Lucas, director financeiro da AMI. "Se baixássemos os braços perante esta adversidade que diríamos às pessoas que nos procuram, por exemplo através da 'Porta Amiga'?", questiona.

* com S.O.

http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=1455409

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