É um sinal da crise. Os portugueses continuam a enfrentar dificuldades na hora de pagar ao banco. O malparado continua a subir e, em Outubro, atingiu os 3,7 mil milhões só nos particulares. Nas empresas, o cenário é parecido.
De acordo com o Boletim Estatístico divulgado ontem pelo Banco de Portugal (BdP), o crédito malparado voltou a aumentar tanto nas empresas como nos particulares. O que não aumentou foram os empréstimos concedidos pela banca.
O malparado entre as famílias, no passado mês de Outubro, atingiu os 3,7 mil milhões de euros, o valor mais elevado dos últimos 11 anos. Este valor traduz um aumento de 131 milhões de euros face a Setembro e de 840 milhões face a Outubro do ano passado. Ou seja, em apenas um ano, o malparado cresceu 28,9%. Tendo em conta que o valor emprestado pelos bancos totalizou os 136 mil milhões de euros, o malparado representa já 2,77% do total.
E é na habitação que o crédito malparado mais cresceu, representando mais de metade do total do incumprimento, com 1,9 mil milhões de euros. Até Outubro, as famílias deixaram de pagar 340 milhões de euros em crédito à habitação. E o peso do malparado, face ao total dos empréstimos concedidos, atingiu os 1,76%, o que corresponde ao nível mais elevado desde que há dados (Dezembro de 1997). No consumo, o malparado aproxima-se cada vez mais dos 7%.
No que diz respeito aos empréstimos, até Outubro, os bancos emprestaram 7,6 mil milhões de euros às famílias portuguesas para compra de casa. Um valor bem mais baixo que os 11,7 mil milhões concedidos entre Janeiro e Outubro do ano passado. Segundo o BdP, a quebra na concessão de crédito foi de 35%. No consumo, as quebras também foram superiores a 30% ao longo do ano.
Os empréstimos às empresas também diminuíram, mas o incumprimento continua a aumentar, atingindo um máximo histórico de Março de 1999. O valor concedidos pelos bancos às empresas caiu 403 milhões de euros em Outubro face ao mês anterior, mas o malparado atingiu os 250 milhões.
A maior queda nos empréstimos deu-se no sector do comércio, com uma quebra de 381 milhões. Entre os vários factores que explicam essa quebra estão as dificuldades que as empresas têm em cumprir com os pagamentos. Já os maiores incumpridores continuam a ser os sectores da construção e do imobiliário.
O Boletim Estatístico revela ainda que, em Outubro, o valor dos depósitos situava-se nos 114 277 milhões de euros, menos 960 milhões do que o valor guardado nos bancos pelas famílias em Setembro. Com esta queda, o valor guardado nos bancos pelos particulares regista a terceira diminuição mensal consecutiva, desde que caiu mais de mil milhões de euros de Julho para Agosto.
J.N. - 24.12.09
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