As obras da Escola Secundária Gil Vicente, em Lisboa, no âmbito do programa de modernização do parque escolar, pioraram as condições do estabelecimento de ensino, segundo um parecer da comunidade escolar, a que a Lusa teve acesso.
“Com quinze dias de aulas, entra água em muitos pontos, abateu um tecto, as paredes estão já muito deterioradas, os pisos já destruídos, com portas e armários empenados”, descreve o parecer da comunidade escolar. A intervenção, iniciada em Julho de 2008, ainda não terminou, mas na parte da obra terminada e posta ao serviço da escola, a avaliação da comunidade escolar é negativa.
“Em vez de uma escola melhor, é hoje visível por todos que o que está a resultar da actual intervenção é uma escola sem condições de trabalho, pouco segura, pouco funcional, pouco higiénica, de degradação rapidíssima”, lê-se no parecer. O projecto “desrespeitou inteiramente a traça anterior da escola” - inaugurada em 1949 - e “tudo o que eram materiais e traçados antigos foram substituídos por linhas novas e materiais mais recentes”. “O problema reside em que a escolha dos materiais não obedeceu a critérios de qualidade, resistência e durabilidade e que a escola original ficou completamente desfigurada”, aponta o documento.
Sobre os materiais, especificam que “a escolha de aglomerados de madeira, ‘pladur’, plásticos, resinas, etc, em detrimento de pedra, mosaico, tijolo, madeiras sólidas, foi uma opção inadequada, com elevadíssimos custos”. “A qualidade do pavimento (rápida e irreversivelmente danificado) e a inexistência de protecções nas paredes (nomeadamente nos corredores), aliada à escolha da sua pintura a branco (rapidamente riscadas e repletas de grandes manchas de sujidade), dão a todo o edifício escolar (acabado de fazer) um aspecto de degradação já antiga”, lê-se no mesmo texto.
Quanto aos acabamentos, consideram que “na generalidade, são de péssima qualidade”, com “pinturas deficientes ou inacabadas, rodapés sem qualificação, portas de salas e armários empenados”. “A execução de muitos aspectos da obra foi pouco rigorosa e negligente. Só assim se pode perceber que, às primeiras chuvadas do ano, entre grande quantidade de água em muitas vidraças e alguns tectos, chegando mesmo a abater o tecto de uma das instalações sanitárias dos alunos”, aponta a comunidade escolar no parecer. É também referido que “foram arrancadas várias dezenas de árvores”, tendo sido apenas plantados dois pinheiros.
O parecer está assinado pelo director da escola, presidente do conselho geral transitório, associação de pais e encarregados de educação e associação de estudantes.
À procura de soluções
Contactada pela Lusa, fonte da empresa Parque Escolar, criada pelo Ministério da Educação para executar as obras do programa de modernização do parque escolar, afirmou que tem vindo a “tentar encontrar as soluções para os problemas detectados em conjunto com a direcção da escola”. “As obras na Escola Básica e Secundária de Gil Vicente ainda não estão concluídas, pelo que qualquer análise global apenas poderá ser feita após a sua conclusão”, acrescentou.
A mesma fonte sublinhou que “os materiais utilizados têm sido aplicados com sucesso noutras escolas, porém, numa situação de obra, com as contingências que lhe estão associadas, nomeadamente as que se referem a limpeza e reduzido espaço para recreio e lazer dos alunos, poderá induzir a conclusões precipitadas”. “As árvores que foram abatidas, a maioria por não se encontrarem em condições, serão substituídas por outras. No final, o número de árvores será superior ao inicial”, esclareceu ainda a fonte.
A Assembleia Municipal de Lisboa aprovou na quinta-feira uma moção, apresentada pelo PCP, apoiando “a luta dos professores, pais, estudantes e trabalhadores não docentes, pela resolução da grave situação criada pelo Governo/Ministério da Educação/Parque Escolar, na Escola Secundária de Gil Vicente”. De acordo com a moção aprovada, a comissão de Cultura, Educação, Juventude e Desporto vai ouvir os representantes da comunidade escolar e acompanhar a evolução do processo”.
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