À procura de textos e pretextos, e dos seus contextos.

17/12/2009

Adjudicados contratos de exploração: Petrolíferas repartem Iraque

Entre sexta-feira e domingo, o governo instalado pelos ocupantes repartiu por 11 companhias multinacionais a exploração de sete campos petrolíferos no país, detentor das terceiras reservas mundiais de petróleo.

Seis anos depois da invasão e ocupação do Iraque, e 37 anos depois de Partido Baas ter nacionalizado os hidrocarbonetos, o executivo liderado por Nuri Al-Maliki adjudicou, pela segunda vez desde o derrube do presidente Saddam Hussein, a exploração de campos petrolíferos no território.
A concurso estavam dez reservas, mas apenas sete eram apetecíveis para as dezenas de empresas de 23 países que apresentaram propostas. Os campos situados na província de Diyala, bem como os existentes em Bagdad Este e em Furat, no centro do país, ficaram por atribuir por falta de ofertas. Os privados notam o elevado risco que representa investir em zonas que escapam ao controle dos ocupantes.
No final, 11 multinacionais arrebataram o «bolo milionário», com destaque para o consórcio Lukoil-Statoil (Rússia-Noruega), que ficou com um dos maiores campos do país, na província de Bassorá, no Sul. Aqui, as reservas estão avaliadas em 12 500 milhões de barris. A atribuição à parceria russo-norueguesa pode ter sido uma compensação depois de, em Novembro passado, o governo títere ter optado pela Exxon Móbil num concurso para um outro campo de grande dimensão. Nuri Al-Maliki anulou, igualmente, todos os direitos adquiridos pelas companhias russas através de contratos celebrados com Saddam Hussein.
Bafejadas pela fortuna foram, igualmente, a Shell-Petronas (Holanda e Malásia), que ficou com o campo de Majoon, cujas reservas são idênticas às do campo de Bassorá, e o consórcio CNPC-Total-Petronas (China, França e Malásia), embora, neste caso, as reservas de petróleo disponíveis em Halfaya sejam de cerca de um terço das anteriores, 4090 milhões de barris.

Segunda divisão

Numa divisão inferior, mas não desprezível, estão os quatro campos petrolíferos remanescenetes. Garaf, com reservas de 863 milhões de barris, foi atribuído ao consórcio formado pela Petronas e a Japex (Malásia-Japão); Badra, ficou para a russa Gazprom, a turca TPAO, a sul-coreana Kogas e a malaia Petronas; Najmah, com reservas avaliadas em 858 milhões de barris, ficou para a Sonangol, que fica igualmente com o campo petrolífero de Qaiyarah, cujas reservas estão estimadas em 807 milhões de barris.
O governo iraquiano pretende elevar nos próximos seis anos a sua produção de crude dos actuais 2,4 milhões de barris diários para um valor entre sete a dez milhões de barris, tornando-se um dos principais fornecedores mundiais, a par da Arábia Saudita e da Rússia.
Perante este cenário, não é de estranhar que o ex-primeiro-ministro britânico, Tony Blair, tenha admitido, em entrevista à BBC, que invadiria o Iraque quer se provasse que Saddam Hussein escondia armas de destruição em massa quer isso não ficasse explícito. Faz parte da condição de líder, justificou Blair.

Avante - 17.12.09

Sem comentários:

Related Posts with Thumbnails