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10/12/2011

Reformados protestam em Lisboa contra "pacto de agressão e rapina" da 'troika'



 
A chuva que ameaçou cair hoje à tarde em Lisboa não demoveu os reformados e pensionistas que participaram na manifestação da CGTP para protestar contra o "pacto de agressão e rapina" da 'troika'.

Vindos de várias partes do país, os reformados e pensionistas concentraram-se  na Praça do Comércio, seguindo depois em desfile até à Praça da Figueira  para participar na manifestação nacional promovida pela CGTP e pela Confederação  Nacional dos Reformados (MURPI).
"O roubo na pensão não é solução", "Não ao roubo dos salários e pensões"  e "Ser reformado não é defeito, exigimos mais respeito" eram algumas das  palavras entoadas pelos manifestantes, que seguravam bandeiras negras e  cartazes a contestar os cortes na saúde e nos transportes públicos.
Já na Praça da Figueira, durante os discursos de membros das organizações  envolvidas no protesto ouviram-se criticas à transferência dos fundos de  pensões da banca para a Segurança Social.
Esperança Martins, da CGTP, citou uma expressão popular para se referir  ao tema: "Os banqueiros matam dois coelhos de uma cajadada só, a que o facto  de o senhor primeiro ministro se chamar Coelho dá uma ironia especial".
Esta bancária reformada disse à Lusa que na manifestação de hoje estiveram  "mais de quatro mil reformados e idosos" para se manifestarem "contra a  política deste e dos anteriores Governos" e expressar a sua indignação contra  o que designaram como "pacto de agressão e de rapina" da 'troika'.
"A maior percentagem dos reformados tem reformas de 200 e 300 euros  e com a retirada de direitos, com o aumento dos bens alimentares, dos transportes  e na saúde, a situação está insustentável", afirmou Esperança Martins.
Foi também para protestar contra os cortes que têm sido anunciados pelo  Governo que Gervásio Mourão, 69 anos, veio de Vila Real de Santo António.
"A esmagadora maioria dos reformados não ganha mais de 300 euros de  reforma. Em relação ao gás, à eletricidade, ao IVA e à comida não têm possibilidades  de sobrevivência", afirmou.
Este reformado acusou ainda o Presidente da República de ter mentido  aos portugueses: "O Presidente mentiu aos portugueses porque jurou cumprir  a Constituição e o artigo 64 diz que a saúde deve tendencialmente gratuita  e estamos a verificar o contrário e o artigo 72 diz que a velhice deve ser  preservada, acautelada e apoiada. Não cumpriu".
Maria Dias, agricultora de 61 anos vinda de Viseu, não poupou críticas  ao programa de assistência financeira a Portugal.
"É muito triste roubarem um reformado. É como chegar aqui ao bolso de  uma pessoa qualquer e sacar-lhe a carteira. É o que eles estão a fazer e  a 'troika' veio mandar em Portugal. Não acho justo, porque Portugal tem  cá o dinheiro deles mas paga-lhe juros", disse.
Para Maria Dias, o "negócio" entre Portugal e as instituições financeiras  internacionais resume-se da seguinte forma: "Abastecem os banqueiros aos  milhões, para o bolso dos reformados vão uns tostões".
Esta agricultora critou ainda a atuação do primeiro-ministro neste processo:  "O nosso Coelhinho ele é bom e tem boa fama, mas ele não está a saber gerir  bem o país. Tem de se juntar a pessoas que o ajudem, confiar nelas e não  na 'troika' porque a (chanceler alemã) Merkel e essa porcaria toda só vem  querer mandar em Portugal".

http://sicnoticias.sapo.pt/economia/2011/12/10/reformados-protestam-em-lisboa-contra-pacto-de-agressao-e-rapina-da-troika

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