Octávio Teixeira
Há três semanas interroguei-me se a notícia de que os dois patrões da União Europeia estariam a estudar uma alteração da zona euro significaria uma luz ao fundo do túnel.
Há três semanas interroguei-me se a notícia de que os dois patrões da União Europeia estariam a estudar uma alteração da zona euro significaria uma luz ao fundo do túnel.Pois bem, a cimeira Merkozy realizada para concertar a posição a ser formalmente ratificada no Conselho Europeu desta semana não é uma luz mas uma fuga para a frente.
A instituição da União Monetária foi um salto no escuro e uma irracionalidade económica, tendo tido uma razão determinante de natureza essencialmente política, a de dar passos no caminho de um centralismo europeu de sentido federalista. É essa via que Merkel e Sarkozy, com a obediência cega de outros chefes de governo, querem agora cavalgar. Sob o pretexto de salvação do euro pretendem consagrar nos Tratados uma "união da estabilidade" (efectivamente uma união da austeridade) centralizando para já as políticas orçamentais com as correspondentes perdas de soberania e, na sequência, impondo uma união política "num horizonte de três a quatro anos".
O voluntarismo político leva-os a não quererem ver que esta União Monetária falhou e se transformou num instrumento de regressão económica e social, que a imposição de uma moeda única a todos os países sem atender ao seu nível de desenvolvimento conduz à redução do poder de compra dos trabalhadores e dos seus direitos sociais, fomenta a intensificação do trabalho, degrada os serviços públicos e condena países ao empobrecimento, independentemente de se designarem países soberanos, estados federados ou regiões.
A questão central que deve ser encarada é a de como possibilitar que todos os países da União possam desenvolver-se e equilibrar estruturalmente as suas contas externas. Uma fuga para o federalismo não dará resposta a este problema nodal.
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