À procura de textos e pretextos, e dos seus contextos.

02/05/2011

A discriminação do Porto!

Honório Novo

OPorto é bem o reflexo da situação do país, uma vítima mais da discriminação do Governo. O investimento público nunca foi aqui tão baixo como com Sócrates e os números bem falam por si. Em 2011, coube ao distrito 3,0% do investimento total, um valor "per capita" de 38euro face a uma média nacional de 213euro; a situação agrava-se no interior do distrito, com 6euro "per capita" de investimento...
As consequências são conhecidas. Por exemplo, a paralisia do metro é atribuída à crise quando é possível avançar com a obra com fundos comunitários e empréstimos bonificadas do Banco Europeu de Investimento. E que dizer da suspensão das plataformas logísticas, do adiamento dos hospitais de Gaia e da Póvoa/Vila do Conde, do desprezo pela recuperação do parque habitacional ou pela conclusão dos sistemas de despoluição das bacias hidrográficas?
A indústria transformadora continua numa espiral preocupante (menos 16% de empresas entre 2006 e 2008), consequência de políticas que há anos desprezam as pequenas empresas. Os últimos dados mostram menos 12% nas empresas têxteis, 7% nas indústrias de couro, 2,5% na construção civil, 21,8% na metalurgia e 23,3% na madeira e cortiça. No mesmo período, as empresas do comércio registaram uma quebra superior a 10%!
As consequências desta austeridade traduzem-se num desemprego oficial superior a 13,0%, aproximando-se de facto dos 200 mil trabalhadores (dos quais só 66 mil com subsídio de desemprego), um flagelo que é resultado dos sucessivos PEC e Orçamentos aprovados e viabilizados pelo PSD ou pelo CDS. Nas políticas de cega austeridade para o povo, os partidos do FMI estão sempre de acordo e a encenação de conflitos aparentemente insanáveis só serve para aparentar divergências e esconder a convergência no essencial.

http://www.jn.pt/Opiniao/default.aspx?content_id=1841875&opiniao=Hon%F3rio%20Novo

Sem comentários:

Related Posts with Thumbnails