A CGTP alertou hoje para o facto de Portugal poder recuar dez anos no plano económico caso sejam aplicadas as medidas que constam do memorando de entendimento entre o Governo e a troika hoje divulgado.
No final de uma reunião com a ministra do Trabalho, que serviu para Helena André apresentar o documento de entendimento, o secretário-geral da CGTP, Carvalho da Silva, disse que o acordo representa um recuo para Portugal.
“Se houvesse um investimento na banca, mas se a banca fosse reorientada para a actividade produtiva, ainda se podia dizer que vamos ter aqui uma compensação, mas isso não existe”, considerou.
Segundo as projecções da CGTP, à luz das medidas que serão implementadas “a dívida externa não diminui, aumenta, e daqui a um ano ou dois estaremos com uma dívida maior do que a verificada hoje porque se projecta uma recessão económica”.
“O que se pode prever é que no final de 2012 teremos um nível de produção da riqueza, ou seja, o PIB, idêntico ao de 2002, portanto, recuamos dez anos”, adiantou o secretário-geral da Intersindical.
E acrescentou: “Temos um andar para trás no plano económico de dez anos e um recuo civilizacional do mesmo cariz ou mais agravado ainda sem resolução dos problemas estruturais do país”.
Segundo considerou, “as condições de vida dos trabalhadores, reformados e grande parte da população portuguesa vão agravar-se significativamente”.
A CGTP acusa ainda os accionistas nacionais e internacionais de beneficiarem com a actual situação, que prevê um reforço directo de 12 mil milhões de euros da banca nacional.
O primeiro-ministro, José Sócrates, anunciou na terça-feira à noite, numa comunicação ao país, que o Governo conseguiu um "bom acordo" com a troika internacional com vista à ajuda financeira a Portugal. O empréstimo será de 78 mil milhões de euros durante três anos e inclui a recapitalização da banca, caso seja necessária. A troika é constituída pelo Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional (FMI).
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