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29/03/2011

76% das empresas portuguesas têm "trabalho flexível"

Mais um estudo que comprova que de facto Portugal já é bastante flexível no que toca às questões laborais, que por sua vez permite concluir que Portugal é bastante precário em relação ao mercado de trabalho. Cerca de 76% das empresas portuguesas oferecem trabalho flexível, ou seja são três quartos das empresas nacionais que oferecem condições precárias e de  insegurança às pessoas, é de facto já uma fatia muito grande do mercado de trabalho. 
O líder da empresa que fez este estudo, Paulo Dias, afirma sem rodeios que “o facto do trabalho flexível ser tornado regra é uma boa notícia para todos”. Tal afirmação contraria assim a ideia feita de que Portugal ainda apresenta regras rígidas no que toca ao mercado laboral, e que insistentemente líderes partidários como Passos Coelho, que continuam com a mesma ladainha de que é necessário flexibilizar ainda mais o mercado de trabalho para acalmar os mercados. O mesmo estudo continua por afirmar que “os funcionários (com trabalho flexível) têm um equilibrio entre a vida pessoal e profissional significativamente melhor, o que aumenta a satisfação e a motivação”.
Os autores deste estudo não deverão ter estado em Portugal no dia 12 de Março de 2011, onde mais de 400 mil pessoas pertencentes a várias “Gerações à Rasca”, saíram à rua fartas dos seus trabalhos e vidas precárias, dos seus salários miseráveis e/ou sem remuneração, sem direitos, sem emprego, sem nenhum futuro que se vislumbre num horizonte proximo. Estas 400 mil pessoas mostraram na rua que não há qualquer “equilíbrio entre a vida pessoal e profissional” quando não se tem qualquer tipo de segurança no trabalho podendo ser-se despedido a qualquer altura, nem há qualquer “aumento de satisfação e motivação” quando se tem salários miseráveis e nenhuns direitos.
Aumento da produtividade e redução das despesas são as duas (sempre apontadas) vantagens deste modelo de trabalho, afirma o mesmo estudo que esquece referir que essas mesmas vantagens são feitas à custa das próprias vidas das pessoas, que as remete para a precariedade, para a pobreza e para as dificuldades. 
Notícia expresso emprego.

http://www.precariosinflexiveis.org/2011/03/76-das-empresas-portuguesas-tem.html

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