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20/02/2011

Precariedade em debate no "Expresso da Meia-Noite"

 
Tiago Gillot, dos Precários Inflexíveis, participou no programa "Expresso da Meia-Noite" da SIC Notícias. Foi um debate que permitiu perceber vários dos argumentos dos habituais opinadores, mas desta vez confrontados directamente com a visão de um trabalhador precário.

Ficou sublinhado, pela voz do Tiago, que a precariedade não é uma inevitabilidade mas uma escolha trágica; mas também que os trabalhadores precários afirmam a inexistência de qualquer confronto de gerações ou divisões entre trabalhadores, ideia que insistentemente procura lançar os trabalhadores uns contra outros. Pelo contrário, estamos juntos porque sabemos que os direitos não são luxos e que a precariedade é um projecto global. A luta contra a precariedade é do conjunto dos trabalhadores e assim vem sendo assumida. 

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Por seu lado, o comentador Vicente Jorge Silva (autor da expressão "geração rasca") aproveitou para desvendar mais um paradigma ideológico defendendo que "a liberdade se paga com a precariedade" e que portanto, existe uma oposição entre direitos e liberdade. Outro dos comentadores apressa-se a dizer e repetir "...isso não se pode dizer em público". 

Pedro Lomba e António Dornelas repetiram ideias sobre a necessidade de manter um pretenso "realismo". Este "realismo" é a base da argumentação de quem, numa posição de situacionismo ou imobilismo, não está disposto a confrontar os poderes que remetem o país e os cidadãos para as dificuldades nem sequer a impunidade generalizada dos patrões incumpridores das leis laborais. 

António Dornelas, ex-Secretário de Estado do Trabalho e Coordenador do Livro Verde sobre as relações laborais  (2006), só pode estar "orgulhoso" pelo seu trabalho, pois indicou o caminho à revisão das leis laborais no chamado Código "Vieira da Silva", que viria a impor mais dificuldades e legalizar a precariedade.

Afirmamos que não há liberdade sem direitos no trabalho e na vida. Quem defende a precariedade como inevitabilidade defende a existência de uma democracia apenas formal. Não o aceitaremos nunca. Por isso, estaremos na rua, apoiando e engrossando as próximas mobilizações: o protesto Geração "à rasca", no dia 12 de Março; e a manifestação nacional convocada pela CGTP para o dia 19 de Março.

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