Com o número mínimo de ministros em funções e eleições antecipadas previstas para o final de Fevereiro ou início de Março, o governo irlandês e os partidos da oposição acordam a aprovação da lei que consolida a austeridade reclamada pela UE e FMI a troco e um empréstimo de milhões de euros.
Com o país mergulhado numa crise política, os partidos burgueses da Irlanda procuram salvar o fundamental para o capital nacional e estrangeiro: a aprovação do diploma que dá cobertura legal à aplicação do Orçamento e demais medidas exigidas pela UE e FMI a troco de um empréstimo de 85 mil milhões de euros.
Ao Fine Gael (FG), aos Trabalhistas e aos Verdes – ex-parceiros do Fianna Fáil (FF) no executivo –, pouco importa se o pacote de «austeridade» vai esmagar as condições de vida e os direitos dos trabalhadores e do povo através do corte no investimento público, congelamento e roubo nos salários, erosão do emprego público e privado, etc..
Respondendo ao repto do ministro das Finanças, Brian Lenihan, todos os emblemas da «oposição», exceptuando o Sinn Fein, se mostraram prontos a votar favoravelmente a Lei de Finanças que abre portas ao «resgate» financeiro.
É indiferente, ainda, se parte dos 85 mil milhões de euros disponibilizados pela UE e FMI passam por Dublin a caminho dos cofres dos bancos estrangeiros que, tendo emprestado dinheiro à Irlanda, lhe permitiram «salvar» da bancarrota as suas próprias instituições financeiras. Tudo o que a chamada oposição discute é a data das eleições, isto é, a ascensão ao poder.
O povo vai pagar
No domingo, os Verdes decidiram retirar-se do governo liderado por Brian Cowen, deixando o executivo a funcionar com o mínimo constitucional de sete ministros. De passagem, os «ecologistas» uniram-se ao FG e aos Trabalhistas na garantia de que não apresentarão moções de censura desde que Cowen antecipe as eleições para o final de Fevereiro ou, no máximo, início de Março.
Pelo meio, ainda, e em nome da «responsabilidade», uniram-se na reclamada consolidação das medidas draconianas e antipopulares, e admitiram mesmo a convocação de uma sessão extraordinária do parlamento, durante o fim-de-semana, com esse objectivo.
Se o primeiro-ministro BrianCowen – que renunciou à chefia do FF, abrindo no partido conservador uma crise de sucessão – pede a dissolução do hemiciclo e convoca eleições no início ou no fim da próxima semana; se tal acontece na sequência do acordo entre os partidos burgueses, ou em consequência da apresentação de moções de censura por parte da facção «oposicionista» destes, parece pouco relevante.
Certo e seguro é que a dívida do «tigre celta» ao capital financeiro vai ser paga exclusivamente pelo povo irlandês, e este, no próximo sufrágio, não terá nos partidos do sistema qualquer alternativa ao esbulho dos seus rendimentos e agravamento da exploração em curso.
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