Após o referendo realizado na semana passada, a administração da fábrica de caixas de velocidade da General Motors em Estrasburgo (França) prossegue a chantagem e recorre à violência para vergar os operários e os seus representantes mais consequentes.
Logo após o referendo de dia 19, em que mais de 70 por cento dos 1150 trabalhadores da fábrica aceitaram perder salários e o agravamento das condições de trabalho em troca da manutenção do emprego (ver edição anterior), a administração fez uma tentativa para endurecer ainda mais os termos do acordo, acrescentando-lhe a anualização do cálculo do tempo de trabalho.
A manobra foi de imediato denunciada pela CGT, a única estrutura sindical que rejeitou o referendo e as condições do acordo. A medida poderia obrigar os operários a trabalhar 50 horas por semana durante o Verão, quando há mais trabalho, incluindo fins-de-semana, e 30 horas durante o Inverno, desaparecendo por completo o direito a horas extraordinárias.
Perante tais condições, a CGT conseguiu mobilizar os operários, que realizaram paragens no trabalho, e os restantes sindicatos recusaram-se a assinar o acordo. A administração viu-se então obrigada a repor os termos iniciais, já de si bastante penosos, impondo uma redução de 10 por cento nos custos de mão-de-obra.
No dia 23, três sindicatos dispuseram-se a assinar o documento. A CGT manteve a sua posição. Na tarde do mesmo dia, oito delegados sindicais CGT foram sequestrados durante várias horas por cerca de 50 trabalhadores, que pretendiam forçá-los a assinar o acordo.
Ameaçados de morte
Segundo Robert Roland, responsável da CGT na fábrica, o grupo de sequestradores era composto por quadros, chefes de serviço e técnicos enviados pela administração para pressionar o sindicato. Os sindicalistas foram invectivados, ameaçados de morte e alguns agredidos. Cinco apresentaram queixa à polícia.
Roland, citado pelo L´Humanité (26.07), sublinha que ao exigir a assinatura de todas as estruturas sindicais a administração da GM pretende «quebrar qualquer forma de contestação e subordinar os sindicatos às ordens do patrão». «Estamos em democracia, temos pleno direito de não assinar».
Face à recusa da CGT, a direcção da empresa ameaça agora retirar a sua oferta, tendo adiado para ontem, quarta-feira, 28, uma resposta definitiva. O sindicato receia ser alvo de novas manobras e pressões.
http://www.avante.pt/pt/1913/europa/109847/
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